sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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    Mineração baiana deve crescer 33% este ano

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    Muito antes de se tornar engenheiro de minas, o mineiro de Belo Horizonte já tinha uma noção muito clara do impacto econômico e social que a mineração podia ter. Com o pai, Paulo Misk ia para áreas de produção em suas férias e já se encantava com o impacto que a atividade tinha na região do Vale Jequitinhonha.

    “Veio de berço e o Vale do Jequitinhonha era muito carente e eu via o esforço da empresa para melhorar a vida das pessoas. A escola era mantida pela mineradora, o consultório médico… E isso não era uma coisa comum. Então, eu vejo essa luta para melhorar a vida das pessoas através de uma atividade econômica desde novinho”, conta.

    Presidente do Sindicato das Mineradoras da Bahia (Sindimiba) e da Vanádio de Maracás, Paulo Misk conversou ontem com o jornalista Donaldson Gomes na live Política & Economia sobre o potencial da atividade para o desenvolvimento econômico na Bahia. Ele ressaltou que a atividade vem acumulando sucessivos resultados positivos e conseguiu se manter crescendo, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.

    “O crescimento anual da mineração em 2017 foi de 20%, em 2018 foi de 24%, mais 12% em 2019 e este ano, mesmo com pandemia, se repetirmos no segundo semestre o crescimento do primeiro, teremos uma expansão de 33% na atividade aqui na Bahia”, destacou.

    Paulo Misk destaca a capacidade da mineração em chegar a lugares que dificilmente seriam atendidas por outras atividades. “A mineração tem essa facilidade. Quanto mais empreendimentos minerais nós tivermos no interior, mas vai gerar empregos, impostos e mais vai desenvolver toda uma economia na região. Toda a cadeia que se movimenta em torno da mineração vai ativar a economia e desenvolver a região. Onde existe uma mineração, a cidade é mais ativa”, diz.

    Citando Maracás como exemplo, onde a Largo opera há seis anos uma mina de vanádio, Paulo Misk destaca que 87% dos funcionários são baianos. E 99% são brasileiros. “Praticamente só tem brasileiros, apesar de ser um empreendimento com recursos canadenses e tecnologia da África do Sul. Temos algumas pessoas que atuam lá fora nas vendas que são estrangeiras, mas na produção, temos brasileiros desenvolvendo tecnologia aqui e fazendo um trabalho fantásticos”, destaca, lembrando que  se trata da melhor mina de vanádio do mundo.

    “Quase 70% da mão de obra é de Maracás e região, onde as pessoas não tinham uma experiência anterior em mineração ou indústria. A gente tem conseguido isso tudo porque investimentos nas pessoas do local”, ressalta. Segundo Misk, a média de treinamento entre os funcionários da Vanádio de Maracás é cinco vezes a média nacional. “Se você for olhar o número de horas de treinamento por pessoa, são 63 horas por ano, isso é quatro vezes mais do que o Brasil e o dobro do que acontece nos Estados Unidos. A gente une a energia que o baiano tem com o conhecimento e aí ninguém segura”, destaca.

    Segundo Misk, a empresa faz isso com capricho, por convicção, mas este esforço pode ser visto nas outras empresas do setor mineral. “A gente faz isso porque acredita, não temos que alcançar um índice relacionado ao assunto, fazemos o nosso papel. Mas isso é uma tendência, quase uma cultura na mineração. A gente precisa que as pessoas tenham boa qualidade de vida lá, ou elas irão para outros lugares”, afirma.

    Segundo Paulo Misk, a Vanádio de Maracás emprega atualmente 400 funcionários diretos e um número similar de indiretos na própria mina. Mas para ele, a importância da atividade na cidade com pouco mais de 23 mil habitantes vai muito além disso. “Existe uma estatística de que cada emprego direto gera outros 11 indiretos. É o motorista que vai levar o insumo, são os serviços que se instalam na região por conta da mineração, como a hotelaria, restaurantes, etc”, destaca.

    Além disso, destaca Misk, o padrão de salários pago na atividade mineral costuma ser mais elevado em relação à média do país e mesmo na comparação com outros setores. “Tem espaço para todo mundo. A mineração gera uma diversificação de mão de obra enorme e são empregos de boa remuneração”, diz. Segundo ele, o piso salarial da Vanádio de Maracás é de R$ 2,4 mil. “O salário médio na mineração brasileira é de R$ 5,5 mil, a média do comércio é de R$ 1,5 mil. Na indústria de transformação, R$ 2,4 mil, na agropecuária é R$ 1,5 mil, na construção civil, R$ 2,2 mil”, enumera.

    Ele acredita que não exista uma solução mágica para os problemas econômicos do Brasil, “nem mesmo a mineração”, porém ressalta que a atividade tem potencial para contribuir bastante. “É preciso se plantar para colher os frutos. Foi a pesquisa mineral na década de 70 que deu frutos há seis anos em Maracás. Existe uma série de outros empreendimentos para ser descobertos, esperando para ser descobertos”, acredita.

    O executivo destaca que o grande potencial mineral da Bahia só vai se tornar realidade com investimentos na investigação do subsolo. Ele cita como exemplo o caso da RHI Magnesita, que mesmo após anos de produção em Brumado, anunciou a descoberta de reservas que vão garantir a produção por mais 120 anos. “Foi preciso se fazer um investimento de R$ 180 milhões para chegar a essa ampliação na Magnesita, isso não é pouca coisa. Você tem o exemplo da Caraíba, que vai investir R$ 400 milhões no Vale do Curaçá. O pessoal gosta de dizer que mineração só dá uma safra, mas a Caraíba é uma prova do contrário”, destaca. “Quem tem a resiliência, faz acontecer”. Ele cita ainda a produção de níquel, diamantes, ouro, talco, grafita, cromita, entre outras.

    Paulo Misk destaca o investimento de R$ 47 milhões da Bamin, para realizar uma operação de minério de ferro em pequena escala, porém lembra que o grande projeto da empresa é produzir 18 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, com um investimento de US$ 2,6 bilhões.  “Imagina o quanto isso vai ajudar a Bahia, gerando empregos. É um potencial fantástico. Serão 1,5 mil empregos durante a operação, mas se pensar nos indiretos, pode se chegar a 18 mil pessoas por causa de uma mina”, diz.

    O presidente do Sindimiba faz coro aos pedidos para a conclusão das obras de implantação da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). “O valor que você precisa para completar essa ferrovia pode ser pago somente com os impostos gerados em um ano e meio”, projeta.

    “Para que a gente possa levar benefícios para a sociedade é preciso ter uma boa infraestrutura. No caso da Bamin, tem que ter a ferrovia, tem que ter o Porto Sul, mas é toda a Bahia quem vai ser beneficiada”, acredita. “A sociedade não pode perder as dádivas que Deus deu”.

    Sustentabilidade
    Misk lamenta o fato de a mineração se comunicar mal com a sociedade. “Toda atividade humana impacta o meio ambiente. O neném nasceu, já causa impacto. A mineração tem atuado para minimizar esse impacto, gerar materiais que vão ajudar na qualidade de vida das pessoas”, afirma.

    Segundo ele, a Vanádio de Maracás ocupa uma área total de 260 hectares. São 40 empregos por hectare utilizado na produção. A mineração como um todo possui uma média de 10 empregos, diz, enquanto na agricultura a média é de 5 empregos. “Não estou comparando com uma atividade ruim, nós somos eficientes no campo, o agronegócio faz um trabalho maravilhoso pelo Brasil, mas só para dar uma noção, a geração de empregos na mineração por hectare é maior”, compara. “A gente gera muito emprego ocupando um espaço pequeno de terra”, diz.

    Na geração de valor por hectare utilizado, a média da mineração é de R$ 417 mil por ano, destaca. “É muito mais que qualquer outro”, garante. “Se fizer bem feito, vai se gerar materiais para as outras atividades com um impacto muito pequeno, gerando muito imposto para o poder público, empregos e renda para a sociedade”, afirma.

    Fonte: Correio*

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