O retorno das operações da Samarco, estimado para o segundo semestre de 2020, é uma das melhores notícias possíveis para o Espírito Santo. A paralisação das atividades assombra a economia estadual desde o rompimento da barragem da empresa em Mariana, Minas Gerais, que provocou um desastre ambiental sem proporções no Rio Doce. Vidas foram perdidas, a biodiversidade foi profundamente afetada. Mas também interrompeu toda uma cadeia produtiva, que garantia empregos e riquezas. Desprezar o impacto socioeconômico é fechar os olhos para como a falência econômica afeta a vida das pessoas, diretamente. Todos os aspectos da tragédia de 2015 são relevantes e ressaltam a necessidade de práticas empresariais que não se omitam diante dos riscos.
A empresa vai receber no próximo dia 25 a licença do governo de Minas Gerais que garantirá a retomada das atividades no ano que vem também no Espírito Santo, com o comprometimento de suspender o uso de barragens de rejeitos. Em agosto passado, um juiz da 12º Vara Federal de Minas Gerais negou pedido de suspensão das multas aplicadas pelo Ibama contra a mineradora, que totalizam R$ 350,7 milhões. A empresa tem responsabilidades que, se assumidas, podem contribuir para reconstrução da própria imagem.
A sociedade capixaba tem total interesse nessa retomada. O peso da empresa na economia do Estado é inequívoco: em 2014, a empresa foi responsável por 4,7% do PIB do Espírito Santo. Com a paralisação, o mercado de trabalho local sentiu a perda de milhares de vagas de empregos, diretos e indiretos. Fornecedores que atuavam em Anchieta, Guarapari e Cachoeiro sentiram o peso do fechamento. Somente em Anchieta, a queda na arrecadação foi de R$ 2 milhões mensais.
A expectativa, portanto, é de aquecimento econômico, com ganhos sociais subsequentes. Setores de comércio e serviço na região de Anchieta devem começar a sentir os impactos positivos. É um renascimento importante, que não apaga a tragédia, mas reforça a necessidade de um compromisso da empresa com a própria comunidade em que está inserida. Um ambiente de negócios saudável faz bem para todos: a própria Samarco, o meio ambiente e a economia do Estado.
Fonte: A Gazeta