As vendas de minério de ferro da Vale caíram 15,5% entre abril e junho ante mesmo período de 2018, para 61,9 milhões de toneladas, em meio a paradas de produção após o desastre de Brumadinho (MG) e com efeitos de chuvas no Sistema Norte, apesar de avanços na mina S11D (PA), publicou a mineradora nesta segunda-feira.
O volume de vendas de minério e pelotas somou 70,8 milhões de toneladas no segundo trimestre, queda de 18,2% ante um ano antes. Na comparação com o primeiro trimestre, porém, as vendas dos dois produtos cresceram 4,5%, devido ao consumo de estoques no exterior, disse a empresa.
O recuo nas vendas, no entanto, veio em meio a preços bem mais altos para o minério de ferro na China, onde as cotações saltaram devido às próprias consequências do rompimento em Brumadinho, que causou centenas de mortes e deixou um rastro de destruição na região.
O preço spot do minério de ferro na China ao final do segundo trimestre deste ano, de 119 dólares, era quase 100% superior aos 65 dólares vistos no final do mesmo período do ano passado, impulsionado também pelo clima na Austrália, que prejudicou embarques.
Já a produção apenas de minério de ferro atingiu 64,057 milhões de toneladas, recuo de 33,8% em relação ao mesmo período do ano passado e queda de 12,1% ante o primeiro trimestre.
O rompimento da barragem de Brumadinho, em 25 de janeiro, levou a Vale a fechar diversas atividades, para uma revisão de suas normas de segurança.
A queda de produção anual poderia ter sido maior não fosse o aumento no S11D, maior empreendimento da história da Vale, no Pará, que registrou produção de 15,738 milhões de toneladas de minério de ferro entre abril e junho, alta de 9,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
O Sistema Norte, que inclui S11D e Carajás, entretanto, sofreu com chuvas atípicas no segundo trimestre, somando produção total de 41,6 milhões de toneladas da commodity, queda de 10% na comparação anual e alta de 1,4% ante o primeiro trimestre, explicou a empresa.
Maior produtora global de minério de ferro, a Vale ponderou que a produção da commodity “apresentou melhoria substancial” no fim do segundo trimestre, com a retomada das operações da mina de Brucutu (MG), paralisadas após o rompimento de barragem em Brumadinho, e o aumento de embarques no Sistema Norte.
“O efeito combinado dos dois eventos será consideravelmente percebido no segundo semestre”, disse a empresa, em seu relatório trimestral de produção e vendas.
Segundo a Vale, com o avanço da mina S11D, o Sistema Norte atingiu um ritmo de produção de 215 milhões de toneladas por ano em junho. A expectativa é de produção de entre 18,5 milhões e 19 milhões de toneladas por mês no segundo semestre, atingindo um ritmo de produção de 230 milhões de toneladas por ano.
Já as vendas de pelotas somaram 8,842 milhões de toneladas, queda de 33,2% ante o mesmo período do ano passado e recuo de 28,2% em relação ao primeiro trimestre.
CHUVAS IMPACTAM
A Vale disse ainda que chuvas provocaram aumento de custos da empresa no Terminal de Ponta da Madeira, em São Luis (MA), para onde ela redirecionou navios antes programados os sistemas Sudeste e Sul, onde houve escassez de produto a ser embarcado após o desastre de Brumadinho.
A estadia de navios no porto de São Luís aumentou de 6 dias em janeiro para um nível de pico de 32 dias em maio, disse a empresa, ressaltando que “a situação já está sendo normalizada com a estimativa de estadia de navios de sete dias em julho”.
Analistas do Bernstein disseram em relatório a clientes que o resultado veio um pouco abaixo de suas expectativas, embora interrupções da produção em Brucutu (MG) e as condições climáticas anormais no Norte “tenham criado um nível elevado de incerteza em torno da produção”.
As ações da Vale recuavam 1,29% por volta das 12:37, enquanto o Ibovespa tinha alta de 0,68%.
IMPACTOS EM MINAS GERAIS
Diante das paralisações, no segundo trimestre, a empresa produziu no Sistema Sul –que inclui ativos de Paraopeba, Vargem Grande e Minas Itabirito– 6,173 milhões de toneladas, recuo de 72,3% na comparação anual.
Já no Sistema Sudeste –que inclui operações da Vale em Itabira, Minas Centrais e Mariana–, a produção de minério de ferro somou 15,856 milhões de toneladas no segundo trimestre, queda de 42,6% ante um ano antes.
A forte retração ocorre após a Vale ter sido levada a paralisar 93 milhões de toneladas em capacidade de produção de minério de ferro por ano após Brumadinho, dos quais cerca de 30 milhões foram retomados há cerca de um mês, com a volta da mina de Brucutu, sua principal produtora de minério de ferro em Minas Gerais.
Em relação à capacidade de 60 milhões de toneladas por ano ainda interrompida, a Vale espera a “retomada gradual” de outros 30 milhões a partir do fim deste ano, com a utilização de tecnologia de mineração a seco, que dispensa o uso de barragens.
Os demais 30 milhões de toneladas, que demandam água em seu beneficiamento e por isso precisam de barragens, devem retornar “no período de dois a três anos”, segundo a Vale.
Nesta segunda-feira, a Vale também reafirmou sua previsão de vender entre 307 milhões e 332 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas em 2019, e pontuou que a expectativa atual é de que as vendas fiquem próximas ao centro da faixa.
Antes do desastre, a Vale projetava vender 382 milhões de toneladas em 2019.”
METAIS BÁSICOS
A produção de níquel da Vale alcançou 45 mil toneladas no segundo trimestre, queda de 32% ante um ano antes, devido principalmente a paradas programadas e não programadas de manutenção em diversas atividades da empresa.
O volume de vendas de níquel foi de 57,5 mil toneladas no segundo trimestre, recuo de 6,7% ante o período de abril a junho de 2018, com impacto também de parada em Onça Puma, no Pará, por decisão judicial.
Nesse cenário, a Vale revisou a previsão de produção de níquel para entre 210 mil e 220 mil toneladas em 2019. Em dezembro, em encontro com investidores e analistas em Nova York, a gestão da companhia havia previsto produção de 244 mil toneladas de níquel para este ano.
Fonte: Extra