Uma pesquisa do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), divulgada nesta quinta-feira (25), deverá ajudar a medir mais precisamente as modificações no solo e fundo de rios após eventos naturais e catástrofes, como rompimentos de barragens.
Dentre os resultados, reconheceu-se ocorrências de fluorose dental em cidades do Norte de Minas; presença alta de minerais na água em áreas de exploração de ouro em Paracatu, na região Noroeste; e anomalias na água do rio das Velhas, na Grande BH, em valores acima dos parâmetros legais.
O estudo foi realizado nos 233.564km² da bacia hidrográfica do rio São Francisco em Minas, considerada uma das mais importantes do país. Os pesquisadores e técnicos em Geociências do CPRM trabalharam em 236 municípios do Estado para medir as concentrações naturais de 53 elementos químicos nos solos e sedimentos de fundo dos rios, dentre os quais Arsênio, Chumbo, Flúor, Ferro, Nióbio, Potássio, Sódio e Zinco.
“Conhecer previamente as concentrações naturais dos elementos permite que, ao ocorrer um evento transformador do meio físico, seja ele natural – como deslizamentos de encostas, subsidências em áreas calcárias ou enchentes, ou artificial – como a implantação de grande área industrial, grandes regiões com agricultura ou ainda acidentes catastróficos como rompimentos de barragens de mineração ou de armazenamento de água, se possa medir precisamente as modificações e imputar mais justamente as medidas de recuperação necessárias”, afirma Eduardo Viglio, geólogo da CPRM.
Ao todo, foram analisadas 1587 amostras de sedimento de fundo; 1581 amostras de água de superfície; 504 amostras de solo; e 218 amostras de água de abastecimento público que foram coletadas antes do tratamento efetuado para consumo humano, sendo provenientes de poços, barragens ou diretamente das drenagens.
Entre os resultados obtidos, destacam-se: a grande anomalia de Flúor com 200x80km de extensão em toda a bacia do rio Verde Grande, englobando todas as cidades do norte de Minas Gerais com ocorrências de fluorose dental; as delimitações precisas pelos mapas de Arsênio das anomalias referentes às ocorrências auríferas de Morro do Ouro, em Paracatu, e das ocorrências do Quadrilátero Ferrífero; e anomalias de água no rio das Velhas resultantes de ações causadas pelo homem na região metropolitana de Belo Horizonte, algumas já acima dos parâmetros legais.
De acordo com o CPRM, o conhecimento do padrão de distribuição desses elementos possibilita o gerenciamento do uso da terra pelos gestores competentes e permite ainda a execução de diversos estudos multidisciplinares, como saúde pública, meio ambiente, agricultura e prospecção mineral.
Fonte: Hoje em Dia