A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2024 (1T24) já está quase aí, e o Banco Safra aponta um trimestre bom para ouro, decente para celulose, papel e aço, e fraco para minério de ferro – o que é uma má notícia para a Vale (VALE3), um dos papéis com maior peso no Ibovespa.
Em relatório focado no setor de siderurgia e mineração, os analistas Ricardo Monegaglia e Conrado Vegner explicam que os números fracos do minério de ferro serão o destaque do trimestre.
É hora de fugir da Vale (VALE3)?
Para o Safra, os fortes resultados da Aura Minerals (AURA33) devem ser atribuídos principalmente aos preços mais elevados do ouro e ao menor custo dos produtos vendidos no trimestre.
No caso da celulose, a Suzano (SUZB3) se beneficia mais que a Klabin (KBLN11), visto que mesmo com os preços mais altos em termos trimestrais, embora tímidos em relação à melhoria nos benchmarks, também sofreram menos com efeitos pontuais nos embarques.
Já o mercado de aço seguiu sob pressão no começo de 2024, devido aos custos mais elevados do carvão mineral e ao aumento limitado nos preços internos realizados.
Os resultados do minério de ferro cairão significativamente, apontam os analistas. Entre os motivos, estão os preços realizados mais baixos (ou seja, preços de referência e provisórios), e os efeitos sazonais na produção, que também afetarão os custos.
Vale (VALE3)
O Safra estima que a Vale reportará uma geração de caixa (EBITDA) de US$ 3,4 bilhões no 1T24, uma queda de 50% comparada ao trimestre e 13% abaixo do consenso estimado de US$ 3,9 bilhões.
“Acreditamos que os resultados serão impulsionados principalmente pelos preços realizados de finos de minério de ferro, em US$ 99/t (5% abaixo do consenso) e custo caixa C1, incluindo compras de terceiros a US$ 26,7/t (4% acima)”, ponderam.
Aura Minerals (AURA33)
O Safra espera que a Aura apresente um EBITDA de US$ 48,1 milhões no 1T24, registrando assim uma alta de 18% trimestre a trimestre, comparado ao 4T23.
Segundo o relatório, os resultados devem ser impulsionados por preços mais elevados do ouro, em US$ 2.072/oz (+4% trimestre a trimestre), e menor custo caixa equivalente, em US$ 1.025/oz (-5% trimestre a trimestre).
“Esperamos que o impulso mais do que compense a redução nas remessas de ouro, em 68kGEO (-1% trimestre a trimestre)”.
CSN Mineração (CMIN3)
É estimado pelos analistas um EBITDA ajustado de R$ 1,1 bilhão no 1T24 para a CSN Mineração, o que representa uma queda de 60% trimestre a trimestre, além de ser 24% abaixo do consenso estimado de R$ 1,7 bilhão.
“Os resultados devem ser impactados por preços mais fracos realizados de minério de ferro, em US$ 57/t ‘Free On Board‘, e 23% abaixo do consenso, e níveis mais fracos de embarques em um trimestre sazonalmente mais fraco”, apontam Monegaglia e Vegner.
Além disso, os efeitos negativos mais do que compensarão um menor custo dos produtos vendidos, ou seja, minério de terceiros mais baixo custa mais do que compensar o C1 mais alto.
CSN (CSNA3)
Com a estimativa de um EBITDA de R$ 1,8 bilhão no 1T24, a CSN registrará uma queda de 50% na comparação trimestral, além de ficar 12% abaixo do consenso estimado de R$ 2,1 bilhões — devido a resultados mais fracos em todos os segmentos.
Gerdau (GGBR4)
É estimado que a Gerdau reporte um EBITDA de R$ 2,6 bilhões no 1T24, ou seja, um aumento de 25% no trimestre e 4% acima do consenso estimado de R$ 2,5 bilhões.
Segundo o relatório, os resultados da divisão de negócios do Brasil ficarão abaixo do consenso estimado, devido aos custos mais elevados do carvão e à piora na realização dos preços.
“Por outro lado, a projeção vê resultados acima do consenso nos barris por dia de aços especiais, à medida que a parcela norte-americana da divisão ganha participação nos resultados — ou seja, margens mais altas em comparação aos aços especiais no Brasil.
Usiminas (USIM5)
Para a Usiminas, o EBITDA estimado é de R$ 350 milhões no 1T24, um aumento de R$ 26 milhões no trimestre, mas bem abaixo do consenso estimado de R$ 527 milhões.
Apesar de serem projetados resultados mais fortes do aço, em R$ 295 milhões — ajudados por uma queda de 10% trimestre a trimestre no custo dos produtos vendidos —, também são projetados resultados de mineração mais fracos, em R$ 60 milhões, devido ao preço realizado do minério de ferro de R$ 335/t.
Klabin (KLBN11)
A Klabin reportará um EBITDA de R$ 1,6 bilhão no 1T24, assim, registrando uma ligeira queda de 1% na comparação trimestral e 7% abaixo do consenso estimado de R$ 1,7 bilhão.
“Prevemos que os embarques da Klabin, excluindo madeira e outros, diminuirão 1% em relação ao trimestre anterior, para 946kt, devido a problemas de produção em Ortigueira”, explicam.
Para os analistas, os problemas de produção terão um efeito negativo na produção e embarques de celulose. No entanto, é esperado que os preços realizados sejam mais elevados para a divisão de celulose, e preços mais baixos para papel e embalagens.
Suzano (SUZB3)
Para a Suzano, os analistas apostam em um EBITDA de R$ 4,9 bilhões, com aumento de 10% trimestre a trimestre e alta de 3% comparado ao consenso estimado de R$ 4,8 bilhões.
“Esperamos que os envios diminuam sequencialmente devido à pior sazonalidade da procura e a um prazo de entrega mais elevado para a transferência de volumes da China para a Europa”, dizem.
Além disso, é estimado que o EBITDA de papel caia sequencialmente para R$ 653 milhões devido a remessas sazonalmente menores.
Comprar ou vender? Confira as recomendações, segundo analistas do Safra:
Companhia | Ticker | Preço-Alvo | Potencial | Recomendação |
---|---|---|---|---|
Vale | VALE3 | R$ 86,00 | 40% | Compra |
Aura Minerals | AURA33 | R$ 73,30 | 80% | Compra |
CSN | CSNA3 | R$ 16,90 | 18% | Neutro |
CSN Mineração | CMIN3 | R$ 7,00 | 37% | Neutro |
Gerdau | GGBR4 | R$ 24,50 | 7% | Neutro |
Usiminas | USIM5 | R$ 12,50 | 21% | Compra |
Klabin | KLBN11 | R$ 25,00 | -1% | Venda |
Suzano | SUZB3 | R$ 71,00 | 15% | Neutro |
FONTE: MONEYTIMES