Um complexo industrial da Vale será o primeiro do Brasil a usar energia armazenada em baterias em substituição à rede elétrica. O projeto será instalado pela mineradora no Terminal da Ilha Guaíba, em Mangaratiba (RJ). A informação foi revelada pelo jornal O Globo.
O objetivo da Vale é deixar de consumir energia do serviço de rede elétrica no horário de pico, das 18h às 21h, quando a tarifa é elevada. Para isso, a empresa pretende instalar um sistema de baterias numa espécie de contêiner, e acioná-lo para dar suporte às operações do terminal de carregamento de minério durante o pico de demanda.
A capacidade de armazenamento do sistema será de 10 megawhatts-hora, potência que seria suficiente para atender a 45 mil residências durante uma hora. De acordo com o diretor de Energia da Vale, Ricardo Mendes, os gastos com energia do Terminal serão reduzidos em torno de 20% graças à iniciativa.
Ele disse ao Globo que as baterias já chegaram ao local de instalação, e que o próximo passo é que seja feita a conexão ao sistema elétrico. A previsão é que isso aconteça entre novembro e dezembro.
“É a primeira vez que estamos usando baterias para prover energia em uma área industrial”, afirmou. “Essa é uma das tecnologias que deverá ser aplicada também para a substituição do diesel por energia elétrica renovável em outros equipamentos de transporte, como locomotivas e caminhões fora de estrada”.
Além dos benefícios financeiros, a substituição da rede elétrica para alternativas renováveis representa um avanço na política ambiental da empresa. De acordo com um levantamento feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o setor industrial é responsável por cerca de 36% de toda a energia consumida no Brasil.
Parceria com fabricante de baterias
A MicroPower, fundada pelo ex-vice-presidente da Tesla, Marcos Krapels, será a encarregada de fornecer as baterias à mineradora.
Desde que deixou a companhia de Elon Musk, Krapels tornou-se um nome importante no mercado de baterias para o setor industrial, e abriu há dois meses o seu escritório no Brasil. A Vale é sua primeira cliente brasileira.
O custo para implementação do sistema não foi informado, mas sabe-se que ele será coberto inicialmente pela MicroPowers. Depois, a Vale vai destinar à empresa o valor economizado nas contas de energia até que o investimento seja pago.
De acordo com Krapels, o Brasil pode se tornar um mercado importante para os fabricantes de baterias. Embora esse tipo de sistema esteja fazendo a sua estreia por aqui, ele destaca que futuros investimentos previstos pela Vale para projetos sustentáveis têm potencial para expandir os negócios dentro da mineradora.
Ricardo Mendes reforça a previsão. “À medida que a Vale continua a descarbonizar suas operações, o uso de baterias se tornará uma parte cada vez mais importante na eletrificação da nossa frota de equipamentos”, ele explicou em comunicado oficial da Vale.
Por Davi Medeiros
Fonte: Olhar Digital