O Brasil pode aumentar consideravelmente sua produtividade agrícola se investir mais em pesquisa voltada ao desenvolvimento da cadeia produtiva dos produtos remineralizadores do solo, ou seja, minérios que, em certos casos, chegam a ser considerados descartes da indústria da mineração, bem como de outros encontrados na natureza. Associado ao maior investimento em pesquisa, é necessário alterar a legislação, de modo a favorecer a regulação e a ampliação das fontes de minérios que podem vir a ser utilizados nos processos de remineralização, bem como melhorar a infraestrutura de transporte desses agrominerais.
O tema foi debatido em live hoje (15/7) no e-mineração: Evento Virtual de Negócios – www.portaldamineracao.com.br/e-mineracao – por especialistas no tema. Segundo os especialistas, o uso mais intensivo dos minérios para nutrir plantações poderia reduzir o custo da produção agrícola no país. A live foi mediada pelo ex-ministro e presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho, Allysson Paulinelli.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (ABIROCHAS), Reinaldo Sampaio, esses minerais não deveriam ser chamados de descartes, resíduos ou rejeitos, como acontece. São, segundo ele, estoques remanescentes de uma riqueza mineral que pode se transformar em uma riqueza social. “A rochagem (uso de rochas na melhoria do solo) é uma oportunidade para atingirmos um novo patamar de sustentabilidade na mineração e também de cooperação estratégica com a agricultura”, afirmou. Ele enfatizou que a agricultura familiar, por exemplo, poderia ser muito beneficiada como desenvolvimento desse nicho de mercado.
Estudos realizados em parceria entre a Embrapa e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) revelam significativo potencial de agrominerais passíveis de vir a serem utilizados como nutrientes do solo agriculturável em distancias até 300km da área agrícola Brasil afora, disse Eder de Souza Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados.
Ao ano são utilizadas 650 mil toneladas de remineralizadores de solo no Brasil e apenas 20 produtos de 14 empresas dessa linha estão registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária.
Além da oferta restrita, há a competição do mercado informal, que vende produtos sem regulamentação. O agricultor que, porventura, compra o produto irregular corre até o risco de não ter direito a eventuais indenizações de seguro, pontuou Daniel Alves Antunes, CEO do Grupo Actualpar, da área de agrominerais. Segundo ele, há um potencial de mercado muito expressivo porque os minerais descartados pelas mineradoras podem vir a ter utilização em processos de remineralização, portanto, o que era para ser um passivo ambiental se torna uma oportunidade de negócio.
A geóloga e pesquisadora Marta Bergmann, da CPRM, disse que estão sendo desenvolvidos alguns projetos de agrominerais, como no noroeste da Bahia, no Rio Grande do Sul, no Amazonas, Tocantins e Roraima. Ela ressaltou que esse nicho de mercado poderia evoluir se a legislação fosse revista. Ela só abrange o uso de rochas não tratadas quimicamente, portanto, não contempla o material que é descartado na extração por parte das mineradoras e que passaram por tratamentos químicos.
Por IBRAM