Com atrasos no licenciamento ambiental, siderúrgica reduz R$ 200 milhões em projetos que já contam demora de seis meses na execução, mas nova linha fabril continua em estudo
Com novos resultados financeiros positivos, relativos ao segundo trimestre do ano, o grupo Usiminas anunciou ontem sua decisão de cortar 20% dos investimentos que estavam previstos neste ano, reprogramando os desembolsos de R$ 1 bilhão para R$ 800 milhões em 2019. Cerca de metade da revisão dos aportes, segundo o presidente da companhia, Sergio Leite, se deve ao atraso, que já dura seis meses, na obtenção do licenciamento ambiental para as obras de filtragem e empilhamento a seco dos resíduos da extração de ferro da Mineração Usiminas em Itatiaiuçu, na Região Central de Minas Gerais, orçadas em R$ 140 milhões.
Houve também demora na execução de uma série de outros pequenos investimentos ligados a melhorias operacionais e automação na siderúrgica. No entanto, a Usiminas mantém os estudos de avaliação para erguer uma quarta linha de galvanização de aço, técnica que reveste o aço dando ao produto maior resistência para atender, principalmente, à indústria automotiva. A companhia opera duas linhas de galvanização a quente e uma linha de galvanização eletrolítica, que estão trabalhando a plena carga.
“O projeto para uma quarta linha deverá ser apresentado ao Conselho de Administração em 12 meses. Tivemos nos últimos três anos uma recuperação muito positiva da indústria automotiva (a produção do setor aumentou 23% em 2017; aproximadamente 10% em 2018, e 3% neste ano), o que traz grande atratividade para este investimento”, diz Sergio Leite. A equipe da siderúrgica vem trabalhando desde o ano passado na análise técnica do empreendimento, que poderá ser construído em Ipatinga, onde estão instaladas as linhas da Usiminas e da Unigal, ou em Cubatão (SP). O presidente da companhia preferiu não revelar possíveis valores do projeto.
De abril a junho último, a Usiminas obteve lucro líquido de R$ 171 milhões, representando acréscimo de 125% frente ao ganho de R$ 76 milhões no trimestre anterior. As vendas de aço cresceram 5%, na média, ao totalizar 1,1 milhão de toneladas, e avançaram 7,2% quando avaliadas, em separado, no mercado brasileiro, também na comparação com o primeiro trimestre de 2019. O chamado Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – atingiu R$ 576 milhões, com elevação de 18% ante o trimestre anterior (R$ 488 milhões).
O bom desempenho, de acordo com o presidente da Usiminas, reflete esforço generalizado de vendas feito pelas equipes da companhia durante o segundo trimestre, combinado à elevação dos preços e queda de 1% dos custos de produção. O preço médio com o qual a empresa trabalhou de abril a junho ficou 3% acima daquele praticado de janeiro a março.
“Temos buscado a superação dos resultados, independentemente das dificuldades e da complexidade do cenário econômico”, enfatizou o presidente da Usiminas. Ele se refere à situação de paralisia da economia brasileira no primeiro semestre e estagnação do consumo de aço no país, que teve ligeira alta de 0,20% segundo dados do Instituto Aço Brasil.
Recuperação
A performance da Mineração Usiminas respondeu por aproximadamente um terço do resultado financeiro da companhia no segundo trimestre. Novos contratos que a mineradora negociou levaram a empresa a rever de 8 milhões para 9 milhões de toneladas a produção de 2019. A companhia também foi beneficiada pelo aumento dos preços do minério de ferro no mercado internacional neste ano.
Na avaliação do presidente da Usiminas, a economia brasileira começou a dar sinais de que deverá “decolar” nos próximos 12 meses. Entre os novos fatores de otimismo com um possível retorno de ritmo de crescimento de 2,5% ao ano – o país encolheu 0,2% de janeiro a março, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) –, o executivo menciona iniciativas de investimento no setor elétrico, estimuladas pelo Ministério de Minas e Energia, os programas de licitações em infraestrutura, os bons resultados dos índices da bolsa de valores e o crescimento do emprego formal em junho.
Fonte: EM