O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a defender a regulação da mineração na Amazônia. Em entrevista ao CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, nesta quarta-feira (29/7), Salles afirmou que há grandes reservas de metais e pedras preciosas na região, e criticou os países que questionam as políticas ambientais do Brasil.
“Nós não vamos discutir a mineração da Amazônia? Você tem reservas gigantescas de ouro, diamante, nióbio, manganês, cassiterita, e nós vamos continuar fingindo que não tem essa discussão?”, disparou. Ao ser questionado sobre a possibilidade de a Amazônia se tornar uma Serra Pelada, onde a corrida pelo ouro causou sérios problemas ambientais, ele disse que a discussão não é essa e que a regulamentação teria padrões rigorosos.
“Temos parâmetros muito mais rigorosos que devem ser seguidos. Veja o exemplo da floresta de Carajás, no Pará — onde a Vale tem sua reserva de minério e explora. A área de floresta é uma das mais bem preservadas da Amazônia, porque a Vale cuida. Por que é preciso ter exploração em outras áreas sensíveis do mundo e o Brasil não pode nem discutir isso na Amazônia?”, questionou Salles.
O ministro disse também que talvez a forma de falar sobre o assunto por parte do presidente Jair Bolsonaro possa ser aprimorada para evitar problemas. Mas, segundo ele, vários países que criticam a postura do Brasil também possuem exploração em áreas sensíveis. “Vários dos países que nos criticam fazem mineração em áreas sensíveis do seu território, como a Noruega, que explora petróleo em pleno mar do norte. É importante lembrar que nós não somos os maiores emissores de gás do efeito estufa, são os países ricos. O Brasil, que tem menos de 3% das emissões do mundo, tem o etanol, que é combustível limpo, que tem biomassa. Então nós somos exemplo de combustível limpo para o resto do mundo”, afirmou.
Ricardo Salles criticou ambientalistas que vão a seminários no exterior expôr os problemas enfrentados no Brasil. Para ele, os problemas devem ser resolvidos internamente. “Precisaria parar de ter entidades e representantes da área ambiental indo falar mal do país no exterior. Isso é inconcebível, você ver um brasileiro indo participar de seminário para falar mal do próprio país. O certo seria conversar e resolver o problema aqui. Muitos dos idealistas que fazem artigos lá fora querem ganhar dinheiro, vendem serviços de consultoria aqui. Como o governo Bolsonaro fechou a torneira do dinheiro do contribuinte, essa turma reclama. Mas nem todos que cuidam do assunto são assim”, pontuou o ministro.
Ele disse ainda que considera haver um esforço (sem deixar claro por parte de quem) de colocar o Brasil na defensiva, por causa da sua competitividade no agronegócio. Outro motivo para isso, segundo ele, seria que o governo Bolsonaro veio para trazer à luz questões que estavam por “baixo do tapete”, o que gera mudanças de paradigma. “Como a gente vai cuidar da população brasileira que vive na Amazônia se não discutirmos a melhoria da vida dessas pessoas? O governo colocou na Câmara a regularização fundiária da Amazônia. Outros governos e outros que passaram pelo MMA ignoraram isso.”
Plano Nacional de Resíduos Sólidos
Na próxima sexta-feira (31/7), o governo deve assinar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que pretende universalizar a coleta seletiva e recuperar materiais com reaproveitamento energético dos resíduos. Ricardo Salles afirmou que considera o plano extremamente importante para o país, que, segundo ele, vive uma pandemia do lixo.
“Você vê lixões, famílias revirando o lixo para poder revender, catadores, com baixíssimo nível de reaproveitamento desse material. Há dez anos aguardamos que o Brasil faça seu plano nacional de resíduos sólidos. Para dizer que lixo é esse e de onde vem. Como vamos gerenciar os resíduos no brasil? Começando por algo que é básico e não temos nem nas grandes cidades do brasil: um programa de coleta seletiva.”
Segundo o ministro, o plano deve entrar em vigor dentro de três ou quatro meses, dependendo das informações e sugestões a serem analisadas por meio de consulta pública. Em relação ao fim dos lixões, ele afirmou que os municípios que possuem o Plano Municipal de Resíduos Sólidos terão o prazo estendido para 2024. Os demais, têm até o fim de 2020 para se adequar.
Por Israel Medeiros
Fonte: Correio Braziliense