IDIS – Instituto Ivone Di Spírito – UNIVERSIDADE CORPORATIVA – Fundador Rowan Pedro de Araújo – Aula Expositiva – Tema : Importância das áreas verdes e florestas
O mestre em sustentabilidade Eliezer Batista, um dos fundadores do CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável me disse certa vez no RJ em seu escritório, em janeiro de 2000: “De imediato, plantar árvores é uma medida saudável, para minimizar os efeitos climáticos, é uma coisa que ando fazendo em meu sítio. As energias renováveis, energia solar, outras, são alternativas de grande importância e valor. Os investimentos nesse negócio podem dar muito retorno. Mas isto não vai ter uma amplitude imediata. A Educação Ambiental, projetos de recuperação de áreas degradadas, reforço da mata ciliar e as cristas dos morros, para conter a erosão e o assoreamento dos rios e nascentes, são medidas simples, de baixo custo, mas de grande avanço e resultados. Elas devem ser incentivadas em todo meio empresariado, escolas, lideranças locais e prefeituras. Eu aprendi nesses meus quase 80 anos, que um país só muda se as suas cidades mudarem. Elas são como as células que dão a formatura do país como um todo, o DNA do país tem a identidade de suas cidades
Projetos assim de plantio de árvores, hoje. Recebem apoio popular, mobilização e participação das comunidades unidas. São iniciativas a incentivarmos pelo Brasil afora. Sebastião Salgado faz um trabalho de recuperação de nascentes em Aimorés-MG, que tiro o chapéu. É um centro de conhecimento científico de recuperação das águas, nascentes que andaram sumidas pela agressão ambiental, voltaram. O que me preocupa é que sem as árvores, não há florestas, e sem florestas não há água”
“Ajudei a elaborar o Código Florestal Brasileiro, de 1965. Defendo a ideia de se criar um Ministério de Desenvolvimento Sustentável com a incumbência imediata de elaborar planos de zoneamento econômico-estratégico para todas as regiões do Brasil. Durante esse período em que eu estava na Vale do Rio Doce, nós começamos a fazer parques florestais. Mais tarde, ainda no tempo em que estava na Vale do Rio Doce, compramos a floresta de Linhares, que era uma floresta nativa, na época em que o estado do Espírito Santo estava sendo devastado. Nós compramos aquilo para preservar. A desculpa para a diretoria da Vale aceitar a aquisição foi a que se tratava de uma fazenda de dormentes. Era a única maneira de aceitarem um investimento como aquele em uma época na qual todos estavam queimando floresta para fazer pasto. Aliás, como até hoje fazem na Amazônia. Isso em 1954, 55, 56, por aí. A reserva foi comprada, não se tirou nenhum pau para fazer dormentes. Foram criadas lá pesquisas, além de um herbário para estudar as madeiras locais. Infelizmente muita pesquisa só atingiu o problema do uso mercante da madeira e não para usos da farmacologia, indústrias químicas e outras utilidades” . (Eliezer Batista)
Qual a relação existente entre a Conferência Rio-92 e o senhor?
Em 1991, o sr. Stephan Schmidheiny [fundador da Avina] foi convidado pelo presidente da Conferência do Rio, sr. Maurice Strong, para fazer a Rio-92. Ele então veio para o Brasil, visitou a Aracruz, que também trabalhava com esta linha e já tinha essa preocupação de juntar floresta nativa com espécies exóticas. Isso porque a floresta nativa abriga animais e plantas, e a interação entre fauna e flora é extremamente importante.
O sr. Schmidheiny foi à Aracruz e a Carajás. Ele notou que estávamos trabalhando bem, isso está no livro “Sustentabilidade”. Ele diz lá que nós já praticávamos essa combinação dos lados ambiental, econômico e social simultaneamente. (lê trecho do livro) “Eliezer Batista, na época diretor da Rio Doce Internacional, defendia o desenvolvimento sustentável antes da conferência do Rio e permanece como um de seus defensores desde então”. E viu isso realizado lá em Carajás. Aí ele teorizou toda a noção do desenvolvimento sustentável, que não é nada mais do que isso. Foi daí que saiu a Conferência da Rio-92, mas pouca gente sabe que se originou dessa maneira.
A coisa começou a se expandir e Carajás foi construído. E, mais ainda, lá nós tínhamos um conselho de notáveis que ocupavam todos os programas de botânica, geologia, geomorfologia, e se reunia toda vez que a gente tomava qualquer decisão de agredir a natureza. E daí surgiu aquele negócio de zoneamento ecológico-econômico. Que nada mais é do que o zoneamento do território para conhecimento científico antes de você agredir para finalidades puramente econômicas. Ou associadas à economia. Quer dizer, a abertura da Amazônia sem conhecimento científico do território é um desastre. Está aí a mudança do clima e as conseqüências que já estamos colhendo dela para provar. Já dá para sentir a queda de umidade do ar no interior de São Paulo.
A palavra sustentabilidade ainda gera bastante discussão. O que o senhor pensa sobre ela?
A palavra Desenvolvimento Sustentável, ganhou corpo em função de Carajás. Hoje tem um milhão de árvores em volta de Carajás. O resto foi todo destruído. Então, sustentabilidade vem no decorrer do tempo. Nem a palavra ecologia existia naquela época. Foi inventada essa palavra, depois as coisas foram criando um vocabulário próprio, porque começaram a ter conceitos diferentes, um ‘economês’ do desenvolvimento sustentável. Mas tudo isso é decorrência do fundamento do desenvolvimento sustentável com uma base econômica, ambiental e social que é um pouco derivado dos dois. Quer dizer, você cria emprego no campo, você pode criar emprego de diferentes naturezas em função do que você utiliza da floresta. Hoje a conseqüência mais importante disso é que a madeira tornou-se a matéria-prima mais importante do mundo pela sua multiplicidade de usos.
UMA REALIDADE A CONHECERMOS SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS ÁRVORES NAS CIDADES, AS ILHAS VERDES E PARQUES NATURAIS – FLORESTAIS URBANOS – PRODUZ SAÚDE FÍSICA E MENTAL :
Tenho visto muitas falas de prefeitos e candidatos a prefeitos, Brasil afora fazendo suas campanhas e promessas. As cidades estão pegando fogo em MG, um calor nunca visto e ainda não vi propostas de buscarem uma cidade mais verde e arborizada de verdade. Cinturões verdes urbanos, etc. Produzindo mais oxigênio e melhorando o clima das cidades. A saúde pública eficiente, a qualidade na educação, sustentabilidade, inovação, tecnologia e redução de custo da máquina pública e serviços prestados com qualidade para população são prioridades, para os bons e inteligentes gestores públicos.
As cidades mais humanizadas e modernas conseguem com uma só medida de investimento inteligente construir pistas de caminhadas para eliminar a depressão das pessoas , e uma grande parte da população estressada que precisa “ver o verde”. Meus amigos japoneses enxergam o Parque Municipal como patrimônio fantástico do belo-horizontino e do povo de Minas. Para eles parques florestal urbano como o nosso é “coisa rara no planeta”. Atestam que se aberto para o lazer e rotina do dia a dia. ,. Aumentam a produtividade e o bem-estar da população. Diminui r a incidência de asma e doenças cardíacas nos seus habitantes e reduzem o custo da saúde do país. As árvores urbanas oferecem todos estes benefícios e muito mais: filtram o ar, ajudando a remover as partículas finas emitidas pelos carros e fábricas, retêm a água da chuva e diminuem as despesas com o aquecimento.
Num novo relatório, realizado pela organização The Nature Conservancy, os cientistas defendem que as árvores urbanas são uma importante estratégia para a melhoria da saúde pública nas cidades, devendo ser financiadas como tal. “Há muito tempo que vemos as árvores e os parques como artigos de luxo; contudo, trazer a natureza de volta para as cidades é uma estratégia crítica para se melhorar a saúde pública”, disse Robert McDonald, cientista da The Nature Conservancy e coautor do relatório.
Todos os anos, entre três e quatro milhões de pessoas morrem, em todo o mundo, devido à poluição atmosférica e aos seus impactos na saúde humana. A poluição do ar aumenta o risco de doenças respiratórias. As ondas de calor nas zonas urbanas também fazem milhares de vítimas, por ano. Vários estudos têm demonstrado que o arvoredo urbano. pode ser uma solução eficaz em termos de custos para ajudar a amenizar o clima. Infelizmente prefeituras e população juntas não buscam ações simples, baratas e eficazes. As lideranças das cidades, igrejas, comunitárias devem pressionar vereadores e prefeitos para esse tipo de ação. Isso é uma responsabilidade sócio ambiental é pensar em sustentabilidade e geração futuras, filhos, netos, etc. Um amplo projeto de educação ambiental e conscientização com a participação maciça da população parceira pode criar um eixo participativo.
As pesquisas mostram que as crianças de hoje, são diferentes das de 10 anos atrás. São vidradas em plantar árvores, proteger animais, admirar a água e a própria Amazônia. Assimilaram uma visão de meio ambiente e isso é extraordinário e serve de estímulo para um “ GRANDE PROJETO VERDE”, o mais difícil temos: uma participação ativa de crianças que induzem a participação dos pais, avós, tios, primos e irmãos . São fortes multiplicadores e encorpam esse comportamento sustentável. As crianças cativam, são puras e atraem a nossa proximidade, para faze-las felizes. Essa é a mensagem e a lição que tiro das coisas que tenho visto correlato ao tema. Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”.
Apesar de todos os estudos que documentam os benefícios dos espaços verdes, muitas cidades ainda não veem a ligação entre a saúde dos moradores e a presença de árvores no ambiente urbano. Robert McDonald defende a necessidade da cooperação entre diferentes departamentos e a inclusão da natureza nos debates sobre ordenamento urbano.
“Não é suficiente falar-se apenas das razões que tornam as árvores tão importantes para a saúde. Temos de começar a discutir as razões sistemáticas por que é tão difícil para estes setores interagirem – como o sector florestal pode começar a cooperar com o de saúde pública e como podemos criar ligações financeiras entre os dois”, disse o investigador.
“A comunicação e a coordenação entre os departamentos de parques, florestas e saúde pública de uma cidade são raras. Quebrar estas barreiras pode revelar novas fontes de financiamento para a plantação e gestão de árvores.”
O cientista dá como exemplo a cidade de Toronto, onde o departamento de saúde pública trabalhou em conjunto com o florestal para fazer frente à ilha de calor urbano. Como muitos edifícios em Toronto não possuem ar condicionado, os dois departamentos colaboraram de forma a colocarem, estrategicamente, árvores nos bairros onde as pessoas estão particularmente vulneráveis ao calor, devido ao seu estatuto socioeconómico ou idade.
“O desenvolvimento só pode ser sustentável. O desenvolvimento de um povo se mede pela sua preocupação ecológica” (Eliezer Batista)
“ No momento em que pegou pela primeira vez uma pedra ou um galho para usar como ferramenta, o homem alterou irrevogavelmente o equilíbrio entre ele e o seu meio ambiente. Enquanto o número destas ferramentas permaneceu pequeno, seus efeitos demoraram muito tempo para se espalhar e causar mudanças. Mas a medida que aumentou o mesmo ocorreu com seus efeitos: quanto mais ferramenta, mais rápido o ritmo da mudança.” ( James Burke, Connections)
“A todos que lutam por um lugar onde a espécie inteligente saiba encontrar o equilíbrio com os milhões de seres com os quais compartilha seu destino. Esta é uma contribuição à maior missão humana do século XXl, a conservação do planeta.” (Autores do Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais – Thex Editora)
“A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve contempla um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza. (Nagib Anderáos Neto)