Na mira dos stakeholders, os setores de mineração, agronegócio e siderurgia vêm investindo em iniciativas que atendam aos critérios de ESG. Além de repensar e ajustar seus modelos de remuneração, as empresas destacam recursos para análises independentes que as ajudem a identificar pontos a serem aprimorados e mudar processos para atingir a maturidade.
“Essa movimentação é decorrente do aumento das expectativas de investidores, clientes, funcionários e reguladores, mas também da sociedade”, diz Ronald Bozza, sócio da BR Rating, a primeira agência de classificação e avaliação dos sistemas de governança corporativa (Rating) do Brasil e uma das principais agências de classificação e avaliação independente do grau de maturidade de ESG.
Ele cita como exemplo os ajustes dos modelos de remuneração atrelados ao tema ESG tanto para programas de ICP (Incentivo de Curto Prazo) e ILP (Incentivo de Longo Prazo). E destaca que nos EUA, mais de 50% das empresas estão utilizando ou considerando adotar métricas de ESG ao projetar seus pacotes de rendimentos de executivos para responsabilizar a liderança pela entrega de metas sustentáveis para seus negócios.
No Brasil, entre as empresas que usam métricas ESG, entre 10% e 20% contemplam as metas nos programas de remuneração. E isso abrange não só os executivos seniores, mas também todos os participantes do plano de incentivos. “Apesar de seu pequeno peso relativo na determinação de recompensa variável, os programas que utilizam métricas ESG podem ser projetados para reforçar o comportamento desejado em toda a força de trabalho de uma empresa”, avalia.
Neste caminho destacam-se empresas de mineração, metalúrgica, siderúrgica e agronegócio. São setores que já investem na identificação de métricas na gestão dos negócios. “Embora as regras possam variar de caso para caso, são áreas mais propensas a priorizar o ambiental e, portanto, mais dependentes de due diligence, o que acaba se estendendo para os demais aspectos do ESG”, diz.
Um exemplo é o Grupo Sobrex, dono das marcas Línea, Elfer, Cecil e Abluo e importante player nos mercados de cobre e alumínio. O grupo acaba de concluir sua primeira análise independente de ESG. “Nosso objetivo foi buscar um diagnóstico para entendermos em que momento estamos em termos de ESG e quais pontos devem ser aprimorados. A busca é pela excelência”, explica a presidente do Conselho de Administração, Maria Antonietta Cervetto.
A metodologia utilizada foi desenvolvida pela BR Rating em parceria com a PROWA, consultoria especializada em sustentabilidade. O nível de Maturidade em ESG é analisado através de 561 questões divididas em 18 Temas, sendo 5 no Pilar Ambiental, 8 no Pilar Social e 5 no Pilar de Governança.
O trabalho aponta os principais gaps e pontos de destaque, e recomenda um road map para a organização avançar seu grau de maturidade ESG. “Isso inclui questões que vão desde o direcionamento no Conselho de Administração até implicações operacionais, demonstrando impacto financeiro e no valor da organização, além de benefícios como acesso a crédito, capacidade de atração de talentos e redução de risco e juros para financiamento de investimentos”, complementa Bozza.