De coloração laranja-avermelhada, resistente à corrosão e a altas temperaturas, o cobre — terceiro metal mais usado no mundo, atrás apenas do ferro e do alumínio — tem várias aplicações, como em fios condutores, baterias de automóveis e equipamentos eletrônicos. Para a indústria brasileira de mineração, ele também tem um peso notável. Foi o segundo minério mais exportado pelo Brasil no ano passado. Nesse cenário destaca-se a Salobo, maior projeto de cobre da mineradora Vale. A empresa explora a mina de Salobo, em Marabá, no Pará, uma reserva estimada em 1,2 bilhão de toneladas de minério de cobre. “Estamos falando do maior depósito de cobre do país. Responsável por 48% do cobre produzido pela Vale no mundo, ele é fundamental para competitividade e fortalecimento de nosso negócio”, diz Luiz Gustavo Reche, diretor de metais básicos da Salobo.
O minério extraído em Marabá é exportado, em sua maior parte, para a Europa. Antes disso, ele passa por um processo de britagem, no qual tem o tamanho reduzido, por rolos que o fragmentam e por outras etapas que resultam em um concentrado de cobre. É esse concentrado que é transformado em placas e usado pela indústria. “Tivemos um desempenho excelente em 2018, com a produção de 192.000 toneladas. Hoje, o cobre é um grande gerador de caixa”, afirma Reche. No ano passado, a Salobo teve uma receita de 1,4 bilhão de dólares e um lucro líquido de 606 milhões.
Para manter a competitividade internacional e aumentar a capacidade de beneficiamento da unidade, o conselho de administração da Vale aprovou, no final do ano passado, um investimento de 1,1 bilhão de dólares no projeto Salobo III. Será a segunda expansão da mina desde o início das operações em 2012. As obras devem durar três anos. A expectativa é que a produção passe de 24 milhões de toneladas de minério bruto para 36 milhões de toneladas até 2022. “O empreendimento ampliará não só nossa produção como também a geração de empregos”, diz Reche. No pico da construção, no ano que vem, 3 200 pessoas devem trabalhar na obra.
Depois do rompimento da barragem de Brumadinho — um dos maiores desastres com rejeitos de mineração no mundo —, em janeiro deste ano a Vale reforçou o monitoramento dessas construções. Diante da pressão de associações indígenas da região, que pedem ao Ministério Público a paralisação das atividades de Salobo — considerada pela Agência Nacional de Mineração uma barragem de alto dano potencial —, Reche afirma que a empresa vem seguindo todos os padrões nacionais e internacionais de segurança. Entre eles está o Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração, que estabelece — com base em estudos técnicos de cenários hipotéticos — qual será a mancha de inundação e também a zona de autossalvamento no caso de um rompimento. “Estamos operando com um nível maior de instrumentação”, diz Reche. “Nossos técnicos acompanham as barragens 24 horas por dia para identificar qualquer movimentação, ainda que milimétrica.”
A Vale, além disso, anunciou recentemente um novo centro de monitoramento geotécnico, com controle por radares e um investimento de 7,1 bilhões de reais para eliminar todas as barragens que mantém no país, como a de Brumadinho. Diante disso, a Salobo tem pela frente o desafio não só de aumentar sua capacidade produtiva mas também, sobretudo, de provar para as comunidades no entorno da mina seu compromisso com a segurança e o meio ambiente.
Fonte: Exame