A receita da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), também chamada de royalty da mineração, arrecadou R$ 2,1 bi no 1º semestre de 2020.
O montante representa um aumento de 1,3% em relação ao período anterior, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Mineração e compilados pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil.
Pará toma liderança na mineração
De acordo com a ANM e com a Amig, o estado do Pará é o líder em arrecadação do País, seguido por Minas Gerais. Os dois, somados, concentram 88,5% dos royalltys de mineração do Brasil no período.
Com S11D e Carajás, o Pará levantou R$ 1,035 bilhão com royalties de janeiro a junho, valor 11% maior em relação ao primeiro semestre de 2019.
A tragédia de Brumadinho, em janeiro de 2019, foi determinante para Minas Gerais ver sua receita recuar 10,5% na primeira metade de 2020, caindo para R$ 834,5 milhões.
O fato também fez com que os mineiros perdessem o topo do ranking de mineração para os paraenses pela primeira vez.
Brumadinho e a Vale (VALE3)
Em entrevista ao Estadão, Waldir Salvador, consultor de relações institucionais e econômicas da Amig, atrelou à tragédia de Brumadinho, que teve a Vale (VALE3) como personagem central, a queda em Minas Gerais.
“Essa queda tem Minas tem duas principais causas: a dificuldade da Vale (VALE3) para voltar a operar com todas as suas operações de minério de ferro e o fato de a CSN estar em período de transição, diminuindo a produção de hematita para aumentar a de itabirito, um minério mais pobre”, afirmou.
Luciana Mourão, economista da entidade, afirmou que a expectativa é que a Vale só recupere a capacidade de produção que tinha nas estruturas que foram paralisadas até o final do primeiro semestre de 2021.
Mesmo com dificuldades na retomada, o Grupo Vale segue como principal expoente do setor.
O grupo respondeu por 53,67% (R$ 1,34 bilhão) do total de CFEM pago nos seis primeiros meses do ano. Em seguida vêm Anglo American (7,90%) e CSN (5,88%).
Minério de ferro é o carro-chefe
Segundo a análise da Amig, os dados mostram que o minério de ferro continua sendo o carro-chefe da mineração brasileira.
A commodity, de acordo com o relatório, foi responsável por 75,22% da CFEM gerada no período, com os preços se mantendo em alta e ancorados na redução da oferta global pela Vale desde o ano passado.
“O que se espera é que no curto prazo os preços se mantenham altos. Com a normalização da oferta global, deve haver uma pressão nas cotações e o preço deve cair no segundo semestre de 2020”, analisou Luciana.
Em relação à balança comercial brasileira, o minério de ferro e seus concentrados ocuparam o terceiro lugar no ranking das exportações do País, com 9,27% do total de janeiro a junho.
As exportações brasileiras de minério de ferro e seus concentrados atingiram US$ 9,4 bilhões. O volume exportado, por sua vez, 10,7% em relação ao ano passado.
A China segue como o principal destino do minério brasileiro, respondendo por 66,10% do total exportado. Na sequência aparecem a Malásia (8,14%), o Japão (4,12%) e a Holanda (3,44%).
Por Paulo Amaral
Fonte: Eu Quero Investir