quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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    Reserva de ações da CSN Mineração, rival da Vale, termina amanhã. Vale investir?

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    Termina amanhã (11) o período de reserva para pequenos investidores comprarem ações da CSN Mineração antes da estreia na bolsa, prevista para 18 de fevereiro, com o código CMIN3. A listagem da companhia é ensaiada pelo empresário Benjamin Steinbruch há pelo menos uma década, mantida como um trunfo da controladora para reduzir de vez seu endividamento, segundo apurou o Valor.

    A empresa tem uma das maiores reservas de minério de ferro no mundo, certificada em mais de 3 bilhões de toneladas, de acordo com a auditoria da Snowden (realizada em 2015 e considerando as minas de Casa de Pedra e Engenho). Nos fatores de risco, a CSN Mineração cita o risco de rompimento de barragens e os custos previstos para transformação de algumas delas.

    Em 2020, até setembro, a companhia teve Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 5 bilhões, com margem Ebitda de 55,8%. A receita operacional líquida foi de R$ 8,9 bilhões no período, ante R$ 8,2 bilhões nos primeiros nove meses de 2019.

    A oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) é 30% primária, quando são emitidas novas ações e o dinheiro vai para o caixa da empresa, e 70% secundária, quando são vendidas ações já existentes e o dinheiro vai para o bolso dos acionistas vendedores.

    Com o dinheiro captado na oferta primária, a CSN Mineração planeja investir em seus projetos de expansão — como o Itabirito P15 e os Projetos de Recuperação de Rejeitos de Barragem Pires e Casa de Pedra. Os acionistas vendedores são a CSN e as sócias asiáticas JBMF (Japão Brasil Minério de Ferro Participações) e Posco.

    Para fazer a reserva de ações da companhia, basta o investidor avisar a corretora quantos papéis gostaria de comprar no IPO e por qual preço. O valor mínimo para participar da primeira venda de ações da empresa é de R$ 3 mil, e o máximo, de R$ 1 milhão.

    A CSN Mineração estabeleceu o intervalo indicativo de preço por ação entre R$ 8,50 e R$ 11,35. Nas ofertas de ações, as companhias e os bancos coordenadores testam uma faixa de preço. Se a venda acontecer no valor mais alto, significa que a demanda pelos papéis foi grande. Já se a venda acontecer no valor mais baixo, significa que a demanda pelos papéis foi pequena.

    O valor será fixado na sexta-feira (12). Ao preço médio de R$ 9,93, a empresa chegará à bolsa com valor de mercado de R$ 55,5 bilhões — ao menor valor, a avaliação será de R$ 47,5 bilhões e, no teto, de R$ 63,4 bilhões. A oferta base será de 533,9 milhões de ações, sendo 161,2 milhões de ações na tranche primária e 372,7 milhões na tranche secundária.
    O lote adicional pode colocar mais 20% na operação, e a companhia tem ainda a possibilidade de alocação do lote suplementar, esse correspondente a até 15% da oferta base — nesses dois lotes, ficam à venda exclusivamente papéis de titularidade da CSN.

    Um batalhão de 11 bancos vai correr atrás de investidores — coordenam a oferta Morgan Stanley, XP, Bank of America, Fibra, Citi, Santander, Safra, Bradesco BBI, BTG, Caixa e UBS BB.

    Motivos para entrar na oferta

    A casa de análises independente Eleven Financial indica entrar na oferta, mas somente até o meio da faixa indicativa, de R$ 9,93 por ação, dado o preço da oferta e alguns pares setoriais que apresentam múltiplos inferiores ao da CSN Mineração, como a Vale e a Rio Tinto, segundo a casa.

    Em relatório, os analistas Tasso Vasconcellos, Felipe Ruppenthal e Lucas Chaves afirmam que o setor de siderurgia e mineração está passando por um momento excelente com preços de minérios em patamares bastante elevados, demanda aquecida e déficit de produto no mercado. “Os compradores de minério, as siderúrgicas, estão conseguindo repassar estes custos, recompondo seus spreads metálicos com uma demanda crescente por seus produtos, o que beneficia a cadeia como um todo”, dizem.

    Eles também avaliam que a companhia possui projetos de crescimento significativos, que visam dobrar de tamanho até 2025 e triplicar até 2033. “Nenhuma empresa do segmento possui projetos dessa magnitude e se a empresa conseguir implementá-los acreditamos que será excelente para a companhia e seus acionistas”, afirmam.

    Na visão dos analistas, a empresa é uma forte geradora de caixa, com margens operacionais elevadas. Sua política de dividendos é distribuir entre 80% e 100% dos lucros aos acionistas.

    Motivos para NÃO entrar na oferta

    A casa de análises Suno Research recomenda não aderir à oferta da CSN Mineração. Em relatório, o analista Rodrigo Wainberg diz que não encontrou margem de segurança e não enxergou como atrativo o preço estipulado na oferta, tendo em vista que companhias com maior escala e longos históricos de resultados, como BHP, Rio Tinto e Vale, apresentam múltiplos bastante interessantes, segundo ele.

    A empresa dispõe de um projeto ambicioso de triplicar sua produção de minério de ferro em 13 anos. Entretanto, não existe histórico recente de gerenciamento de projetos dessa magnitude para ter um retrospecto positivo por parte da companhia, segundo o analista. “Devemos ter bastante cuidado com alguns pontos da companhia. Por exemplo, a alta concentração de receita em poucos clientes, o controlador e a questão de segurança de barragens”, afirma Wainberg em relatório.

    O analista ressalta que o mundo vive períodos de máximas históricas nos preços do minério de ferro. Portanto, não há um preço de equilíbrio histórico, de acordo com ele, além de se tratar de um mercado extremamente cíclico e competitivo.

    “Em um passado recente, tivemos um movimento parecido, quando os preços do minério dispararam e houve uma inundação de oferta nesse mercado. Preços elevados atraem mineradoras ineficientes, aumentando a oferta e, consequentemente, diminuindo os preços dessa commodity no médio prazo”, diz Wainberg.

    Cuidados para investir

    Investir em IPO pode ser cilada se o investidor não entender a fundo o que está comprando, segundo analistas. Na avaliação deles, em geral, é mais seguro comprar ações de empresas já listadas, porque as companhias tendem a ter mais histórico de números e a se comunicar melhor com o mercado.

    Mas há boas (só que mais raras) oportunidades nas ofertas para quem estiver disposto a estudá-las com atenção. Empresas que estreiam na bolsa são como “small caps”, termo em inglês usado para se referir a ações de empresas consideradas menores quando comparadas às gigantes da bolsa.

    Por estarem ingressando no mercado, essas companhias podem ter um futuro promissor pela frente, com alto potencial de crescimento e bom retorno para os acionistas. Muitas delas são inovadoras ou atuam em setores ainda não consolidados. E a vantagem de investir no IPO é a chance de conseguir um preço ainda mais barato pela ação.

    Por outro, pode ser uma aventura de dar frio na barriga. Isso porque são ações que apresentam maior risco e volatilidade, além de terem menor volume de negociações na bolsa, ou seja, pode ser difícil vender os papéis sem ter que “dar desconto”. Isso faz com que essas ações sejam mais indicadas para quem pode deixar o dinheiro investido em longo prazo.

    Da mesma forma que podem ter um ótimo crescimento, isso pode simplesmente não acontecer, e o investidor pode perder muito dinheiro. Analistas aconselham só participar de IPOs de companhias de setores totalmente novos na bolsa, ou cujas ações estão mais baratas do que as das concorrentes já listadas.

    É preciso conhecer as perspectivas para o setor, como a empresa ganha dinheiro, quais são as suas vantagens competitivas e quais são os riscos para o seu negócio. Para saber se o papel está barato na oferta, é preciso analisar múltiplos como o preço sobre o lucro.

    Nada disso é simples. Os analistas levam dias para avaliar se vale a pena participar do IPO de uma empresa. Casas de análises como a Levante, a Suno Research e a Eleven Financial produzem relatórios pagos com essas avaliações para pequenos investidores.

    Fonte: Valor Investe

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