quinta-feira, 9 de maio de 2024
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    Rejeitos (ou insumos) da mineração para a agricultura

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    Por Reinaldo Sampaio* e Eduardo Athayde** | Fonte: Correio*

    Em meados do Século IXX o químico e médico alemão, Julius Hensel (1844-1903) autor do livro chamado Pão das Pedras (Bread of Stones), explicou como a rocha triturada pode melhorar a fertilidade do solo, inventando o estrume de “farinha de pedra”, afirmando que poderia criar pão a partir das pedras e desbloquear “forças nutritivas inesgotáveis armazenadas nas rochas, no ar e na água”.

    Sua causa foi assumida e ampliada cerca de nove décadas depois por John Hamaker, engenheiro e agrônomo americano que publicou trabalhos sobre regeneração do solo, varredura de rochas e ciclos minerais, juntamente com Don Weaver, quando afirmaram no livro ‘Survival of Civilization’ a importância da remineralização do solo em grande escala para fornecer um sumidouro de dióxido de carbono vegetativo.

    A desmineralização ocorre rapidamente em solos intensamente cultivados e tropicais. O pó da rocha pode reverter esse processo, segundo a Embrapa, restaurando vida ao solo ao adicionar minerais para alimentar os microorganismos, ajudando a reconstruir a camada superficial do solo rapidamente. Cerca de dois milhões de hectares já estão plantados no Brasil com os agrominerais.

    Definindo metas de inovação e sustentabilidade e critérios que elevem os atuais padrões da agropecuária no Brasil, o Ministério da Agricultura, alinhado com a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), publicou, em 01 de fevereiro de 2021, a Portaria nº 26, dando prazo de 60 dias para elaboração de agenda para a agricultura sustentável. Tais objetivos são convergentes com o Ministério de Minas e Energia, também alinhado com a OCDE, que visa o aproveitamento racional dos recursos minerais, incentivando o desenvolvimento sustentável das regiões mineiras.

    Posicionado entre os cinco maiores produtores, consumidores e exportadores mundiais de rochas ornamentais e de revestimento, o Brasil destaca-se pela geodiversidade de suas matérias-primas. A produção brasileira de rochas ornamentais é atualmente estimada em 10 milhões t/ano, envolvendo mais de 1.000 variedades comerciais de rochas, incluindo granitos, mármores, ardósias, quartzitos, serpentinitos,  pedra sabão etc. Tal produção distribui-se por mais de 80 municípios, abrangendo 18 arranjos produtivos locais definidos em 10 estados da federação.

    A atividade minero-industrial do setor gera anualmente outras 10 milhões de toneladas de “estoques remanescentes” – rejeitos da lavra e do beneficiamento – e estima-se a existência de 500 milhões de toneladas desses rejeitos acumulados em pilhas de bota-fora, vocacionadas para rochagem e uso agrícola, hoje vendida no mercado a cerca de R$6,00/Kg.

    Essa percepção deu origem ao Projeto Agrorochas do Brasil conduzido pela ABIROCHAS-Associação Brasileira de Rochas Ornamentais. Atenta a orientações da OCDE de otimização no uso dos recursos e alinhada com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), Agenda 2030, e acompanhada pelo WWI Brasil, a instituição inova, buscando o aproveitamento desses materiais residuais denominados de “estoques remanescentes” e a racionalidade produtiva (aproveitamento pleno daquilo que se extrai da natureza) e na economicidade, atribuindo valor para garantir a economia circular. (ODS 8, 9, 12 e 13)

    O projeto contempla o desenvolvimento de três Planos de Trabalho em parceria com o CETEM – Centro de Tecnologia Mineral ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e a Embrapa, objetivando a captura de micro e macronutrientes, com o mapeamento agrogeológico das regiões alcançadas por polos produtores.

    Operando em rede e inovando de forma sustentável, com interatividade entre setores, dentro das plataformas ODS/ESG, a potencialidade da geodiversidade do país é destravada, exibindo-o como produtor de bens minerais essenciais para agropecuária nacional, mostrando os potenciais comparativos e competitivos que contribuem com a segurança alimentar global, uma das mais caras e cuidadas agendas internacionais.

    Inspirados no ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), defendemos uma cooperação multisetorial e interinstitucional envolvendo instituições governamentais e privadas de modo a dar robustez a projetos inovadores e disruptivos, como a rochagem, uma tecnologia portadora do futuro que já chegou.

    *Reinaldo Sampaio é Presidente da Abirochas – Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais, dantasampaio@gmail.com.

    **Eduardo Athayde é diretor da Rede WWI no Brasil, eduathayde@gmail.com

    Fonte: Correio*

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