A mineradora Vale anunciou nesta segunda-feira (2) que reduziu temporariamente para 40% as operações da mina de Brucutu para avaliar as condições da barragem de rejeitos de Laranjeiras.
A mina está localizado no município de São Gonçalo do Rio Abaixo, em Minas Gerais. Com isso, haverá uma redução aproximada de 1,5 milhão de toneladas de minério de ferro por mês, nos próximos meses, o que deve impactar diretamente a produção de pelotas no Espírito Santo.
O complexo de Brucutu é a principal mina no abastecimento do Sistema Sudeste, do qual o Espírito Santo faz parte. Dessa forma, sempre que ocorre paralisação ou redução de extração de minério lá, os efeitos são sentidos pelo Complexo de Tubarão.
Em nota, a empresa afirmou que “conduzirá avaliações sobre as características geotécnicas da barragem” e, por isso, decidiu suspender parte de suas atividades. A Vale estima que a disposição de rejeitos em Laranjeiras fique suspensa por um período estimado entre um e dois meses. Com isso, a usina de Brucutu irá operar abaixo da capacidade por meio do processamento a úmido com rejeito filtrado e empilhado.
Procurada pela reportagem na noite desta segunda para comentar a situação em Tubarão, a Vale ainda não informou números sobre o tamanho do impacto no Espírito Santo.
No período em que estiver paralisada, a barragem adotará o protocolo de emergência em Nível 1, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), que não requer evacuação da população a jusante. A empresa frisou que a barragem Laranjeiras teve sua Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) emitida em 30 de setembro de 2019, que permanece válida.
“Esta suspensão temporária não altera o guidance de vendas de minério de ferro e pelotas, que permanece no ano de 2019 e no quarto trimestre de 2019 entre 307 milhões de toneladas (Mt) e 312 Mt e entre 83 Mt e 88 Mt, respectivamente. No entanto, para o primeiro trimestre de 2020, a expectativa é de que produção e vendas fiquem entre 68 Mt e 73 Mt, em função da sazonalidade, do retorno gradual e seguro das operações e em linha com a estratégia de margem sobre volume”, explicou em nota.
Adicionalmente, a Vale informou que reapresentará o item 11 de seu Formulário de Referência (que prevê a projeções divulgadas e premisas) no prazo previsto na Instrução CVM nº 480, de 7 de dezembro de 2009, conforme alterada.
HISTÓRICO DE SUSPENSÃO
Desde 25 de janeiro, depois da tragédia de Brumadinho (MG), o Complexo de Brucutu é alvo de diversas ordens judiciais de interdição e liberação de suas atividades. Brucutu foi inaugurado em outubro de 2006 e é o maior complexo de produção de minério da Vale.
A barragem de Laranjeiras, que faz parte da Mina de Brucutu, foi uma das nove estruturas da mineradora que foram paralisadas em uma liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) concedida em 1º de fevereiro. Essa decisão atendeu, naquela ocasião, a um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
A ação alegava que não haviam garantias de segurança nestas estruturas. Porém, no dia 18 de março, o juiz Michel Curi acatou o recurso da Vale e liberou que apenas a barragem de Laranjeiras voltasse a operar. As outras oito continuaram suspensas.
Mesmo com a liberação, a mineradora não conseguiu que a mina voltasse a operar porque a no dia 22 de março, apenas três dias após a decisão a favor da Vale, a juíza Renata Nascimento Borges determinou a paralisação de diversas estruturas da mineradora situadas em São Gonçalo do Rio Abaixo devido a outra ação judicial. Processo que inviabilizou as operações da Mina de Brucutu.
Em outra revira-volta da história, no dia 16 de abril, a Vale anunciou que estava reiniciando as atividades após essa determinação ter sido derrubada depois de um despacho do presidente do TJMG, o desembargador Nelson Missias de Morais. A suspensão e volta de operação da extração de minério no local ocorreu por pelo menos mais duas vezes ao longo deste ano.
Fonte: A Gazeta