Desde maio a Vale e a prefeitura municipal de Barão de Cocais tentam reforçar defesas contra rompimento da Barragem Sul Superior, que se encontra em nível máximo de instabilidade estrutural
Uma rede de canais e muros de contenção vai reforçando a fluidez de cursos d’água e áreas alagadiças de comunidades e ajuda a impedir que um possível rompimento atinja parte de Barão de Cocais. A comunidade é um dos centros urbanos mais povoados sob a ameaça de uma barragem, no caso a Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, da mineradora Vale, que desde 2019 é monitorada por se encontrar em nível 3 de estabilidade, ou seja, risco iminente de colapso.
Desde maio começaram obras, como a dragagem do Rio São João e dos córregos São Miguel e Corta Goela, caminhos naturais para os quase 9 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro contidos pelo barramento que está sob a vigília da mineradora e das autoridades estaduais e municipais. A Defesa Civil inclusive demarcou áreas ao largo desses cursos hídricos que podem ser inundadas em caso de rompimento, se uma das barreiras construídas não for suficiente para essa retenção.
A quantidade de rejeitos da barragem Sul Superior é a mesma que vazou de Brumadinho. As obras de dragagem e as contenções devem ser finalizadas em dezembro. No caso da dragagem, o objetivo principal é impedir as enchentes históricas que assolam a cidade, como forma de compensação.
De acordo com a Vale, “após três meses de obra, já é possível ver a encosta dos rios e dos córregos mais limpas. Até o momento, a dragagem já foi executada em quase 6km de todo o trecho, o que corresponde a quase 60% desta etapa”.
As ações são custeadas pela Vale e executadas pela Prefeitura Municipal de Barão de Cocais, em atendimento ao Termo de Compromisso firmado entre as partes em dezembro do ano passado. A dragagem é uma ação do Plano de Compensação e Desenvolvimento que está sendo executado pela empresa na cidade.
Ao todo, segundo a mineradora, serão investidos cerca de R$ 7,5 milhões para execução de obras de desassoreamento, construção de estruturas de contenção de talude do tipo gabião e concreto armado e a revisão, recomposição da mata ciliar ao longo destes cursos d’água e atualização dos projetos de esgotamento sanitário.
“As intervenções, são essenciais para reduzir os riscos de enchentes e de carreamento ao longo dos cursos d’água, garantido segurança à população, bem como condições de preservação ao meio ambiente”, considera a empresa.
Na última semana, iniciaram-se a construção dos muros de contenção no bairro Leão XIII. Nesta primeira etapa, além da construção dos muros, também será realizada a dragagem do Córrego São Miguel. Para construção dos muros foi necessário realizar intervenção ao longo do rio. Tais ações, garantem, ainda, uma ampliação do trecho de rua em frente às moradias próximas ao leito do córrego, facilitando o trânsito de pedestres e veículos neste local.
Com a conclusão das obras será realizada a limpeza de todo o trecho do rio em área urbana do município (6 km) e na extensão completa dos córregos São Miguel (3 km) e Corta Goela (1 km). As operações incluem a limpeza dos sedimentos acumulados, desassoreamento, alargamento, desobstrução e remoção de materiais.
Por Mateus Parreiras
Fonte: Estado de Minas