*Por Max Carvalho
O uso de veículos autônomos, sistemas automatizados de perfuração, drones e soluções de integração tecnológica podem ajudar a solucionar os problemas que são enfrentados há um bom tempo. A digitalização e a melhora da conectividade nesses espaços geograficamente difíceis garantem que problemas adversos possam ser resolvidos o mais breve possível, uma vez que a comunicação também é estreitada entre todos.
Depois dos grandes avanços tecnológicos nos últimos anos, empresas de todos os setores estão repensando a forma como promovem as dinâmicas de trabalho, de comunicação organizacional e quais são as melhores ferramentas para otimizar os processos. Essas melhorias aprimoram as buscas por mais produtividade, gestão de tempo e segurança de dados e informações dentro das empresas.
Um exemplo disso é o que já ocorre no setor da mineração. Para superar os fatores naturais, as empresas de mineração precisaram repensar suas estratégias e adotar tecnologias para garantir a produtividade, sem mencionar as constantes pressões da sociedade, que foram geradas a partir da consciência ambiental coletiva. Nesse sentido, compreendo que a tecnologia desempenhou um papel fundamental ao propiciar soluções capazes de superar os desafios do solo e dos problemas ecológicos que eram causados pela extração de minérios, possibilitando o avanço das operações.
Basta pensarmos que, no passado, precisávamos de muitas pessoas nas minas para desempenhar todas as funções necessárias para aquele trabalho e, assim, garantir eficiência. Mas, apesar de gerar empregos em diversas localidades, a segurança não era garantida e os acidentes eram recorrentes.
A conectividade na mineração: do aprimoramento da comunicação à segurança dos colaboradores
Conforme os anos passam, as minas tendem a ser mais profundas, o que dificulta o acesso e torna a operação mais cara para as empresas. E, quando a operação é realizada com veículos convencionais, os custos são ainda maiores, o tempo é prolongado e a segurança dos colaboradores pode ser comprometida, sem falar na baixa conectividade que os integrantes enfrentam. Nesse contexto, o uso de veículos autônomos, sistemas automatizados de perfuração, drones e soluções de integração tecnológica podem ajudar a solucionar os problemas que são enfrentados há um bom tempo. A digitalização e a melhora da conectividade nesses espaços geograficamente difíceis garantem que problemas adversos possam ser resolvidos o mais breve possível, uma vez que a comunicação também é estreitada entre todos.
Segundo o relatório do We Forum ao qual tive acesso, as máquinas autônomas serão comuns em 2025, incluindo o uso por 24 horas por dia durante toda a semana, o que promete fomentar altos níveis de produtividade e agregar 56 bilhões de dólares aos negócios. Essas informações mostram que as tecnologias de automação e a inteligência artificial (IA) estão, de fato, contribuindo para essas evoluções no ambiente corporativo, por mais difícil que seja o trabalho.
Por sua vez, a LTE, também conhecida como 4G Privado, é uma das soluções que podem ser implementadas nas mineradoras para tornar a conectividade mais acessível e possibilitar a comunicação durante as operações. O diferencial desta solução é que as mineradoras podem investir em uma rede 4G dedicada, sem a necessidade da contratação de uma operadora para que o sinal seja fornecido. Com o uso dessa tecnologia, vejo que é possível construir uma dinâmica de comunicação para que os processos sejam realizados de forma mais eficiente, permitindo a comunicação com as pessoas que não estão trabalhando nas minas e a conexão com o restante do mundo em apenas um clique com soluções Push to Talk ou Push to Video. Os benefícios para as empresas são inúmeros: vão desde a utilização de uma rede única para todas as aplicações (voz, dados, vídeo, IoT) até o alto nível de segurança, que passa por serviços e aplicações de valor agregado com uma vasta gama de dispositivos que podem ser fornecidos por meio de uma longa cobertura com dezenas de Kms.
Entendo que as soluções de IoT vem com uma proposta muito maior do que estreitar a conectividade e a comunicação nesses locais, como no caso das empresas de mineração de carvão. O que acontece é que quando implantada nesses locais, a IoT consegue ajudar a diminuir os riscos durante o processamento das misturas de carvão, além de controlar a zona de descarga dessas mineradoras e eliminar possíveis erros causados por falha humana, o que reduz os custos com os processos e serviços e aumenta a qualidade dos produtos.
Também, há tecnologias que podem salvar vidas e proteger o patrimônio das empresas, o que pode passar despercebido aos olhos humanos. Essas soluções asseguram que a área de OT (Operation Technology), ou TA como chamamos no Brasil, não passe a ser o pesadelo da IoT devido aos possíveis ataques cibernéticos.
Uma vez que as empresas digitalizam as operações, além de diminuir os custos, estão ajudando na segurança das vidas dos trabalhadores. Na África do Sul, por exemplo, a escavação profunda aumentou os índices de mortes em 2016, segundo reportagem. Portanto, digitalizar as dinâmicas de trabalho no setor já é essencial.
Além disso, há diversas regulamentações ambientais, muito mais rigorosas, e percebo que as tecnologias são meios facilitadores para o desenvolvimento de soluções mais ecologicamente corretas para a cadeia de valor. Assim, as empresas conseguem se adequar melhor às novas regras e, também, introduzir as políticas de responsabilidade socioambiental.
Por meio das inovações tecnológicas, estima-se que mil vidas podem ser salvas e 44 mil pessoas não fiquem feridas durante as operações em minas, o que já considero como uma justificativa muito plausível para as atualizações necessárias na indústria da mineração. Ainda, se já não fosse o suficiente, posso mencionar que a utilização de sensores inteligentes tende a gerar 34 bilhões de dólares em valor para o setor, pois facilita as manutenções e o uso dos equipamentos, diminuindo falhas e reduzindo o tempo de inatividade.
*Max Carvalho é diretor de soluções e parcerias da Orange Business Services para a América Latina.