A Sigma Lithium Resources teve conversas com a Tesla e outras montadoras de veículos sobre o fornecimento do principal componente de baterias nos próximos anos, disse o presidente-executivo da empresa nesta quinta-feira.
A Sigma, que recentemente recebeu licença para iniciar produção de lítio em Minas Gerais, se reuniu com o fornecedor da Tesla Ganfeng Lithium, a pedido da montadora. Mas está adiando um acordo por causa dos termos exigidos pela empresa chinesa, disse o presidente-executivo, Calvyn Gardner, em entrevista. As minas da empresa estão no Vale de Jequitinhonha, entre as cidades de Araçuaí e Itinga.
“Há muitas outras coisas que eles precisam, não apenas preços, mas outras demandas um pouco mais complicadas que restringem a Sigma a quase fornecer apenas para a China”, disse Gardner durante uma conferência de mineração. “Não é realmente o que pensamos que deveríamos fazer a longo prazo.”
Embora os preços do lítio tenham caído no ano passado, a Sigma e outros produtores do mineral esperam se beneficiar de um boom na produção de carros elétricos, quando os preços dos veículos se tornarem mais competitivos.
Ele acrescentou que a Sigma prefere enviar lítio diretamente para a Tesla na Califórnia, embora isso só possa acontecer quando os fabricantes de cátodos, um dos dois principais componentes da bateria, se instalarem nos Estados Unidos.
Gardner disse que é um “grande fã” da Tesla, a ponto de tentar importar um dos sedãs Model 3 da empresa para uso pessoal no Brasil, onde a montadora não possui concessionárias. Ele desistiu depois de descobrir que o carro custaria 75 mil dólares, devido aos impostos de importação, em vez do preço de 35 mil dólares.
A Sigma, que estaria entre os fornecedores de lítio de menor custo do mundo, também manteve conversas informais com as montadoras alemãs Volkswagen e BMW.
“Tendo opções para obter lítio de outras jurisdições e que você pode fornecer a longo prazo, é nisso que todos estão interessados e achamos que a Sigma pode fazer isso”, afirmou Gardner.
Em abril, a Sigma fechou uma aliança com a japonesa Mitsui que incluía 30 milhões de dólares em financiamento para uma fábrica para produção comercial. Em troca, a Mitsui receberá cerca de um terço da produção inicial, de 220 mil toneladas.
A aliança ajudará a Sigma a se aproximar das montadoras, dadas as parcerias da Mitsui com as fabricantes asiáticas de baterias, que por sua vez abastecem as montadoras, disse ele.
Fonte: Estadão.