A paralisação parcial do setor de mineração em Minas Gerais após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, derrubou os resultados da indústria no Estado. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística (IBGE) apontam que a produção industrial recuou 0,8% em fevereiro na comparação com o mesmo intervalo do ano passado.
No confronto com o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, a retração foi ainda mais acentuada, atingindo 4,7%. Nesse período, Minas registrou a segunda maior queda entre as 15 regiões pesquisadas pelo instituto, cando atrás apenas do Espírito Santo, com retração de 9,7%.
De acordo com o IBGE, “ambos assinalaram os recuos mais intensos nesse mês, com ambos pressionados pela queda na produção no item minérios de ferro, reetindo, em grande parte, os efeitos do rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração na região de Brumadinho”.
Com o resultado negativo em fevereiro, no acumulado do primeiro bimestre, a produção industrial em Minas Gerais ficou estável. Porém, nos últimos 12 meses, foi apurada uma retração de 1,3%.
De acordo com o relatório, a indústria extrativa registrou uma queda de 18,8% em fevereiro na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Em relação ao mês anterior, o recuo foi de 7,2%, e no acumulado dos últimos 12 meses, a queda foi de 2,4%.
Após o rompimento da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão em Brumadinho, a Vale anunciou a paralisação de algumas atividades para desativar barragens de rejeitos construídas no método a montante, considerado mais suscetível a rompimentos. Além disso, medidas judiciais também interditaram operações da mineradora.
A companhia tem atualmente cerca de 93 milhões de toneladas de capacidade anual paralisada em Minas Gerais.
Para se ter ideia do tamanho do impacto, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) revisou para baixo suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado neste ano, passando de um crescimento de 3,3% para queda de 4%. A perda no faturamento de toda cadeia do setor pode variar de R$ 21,7 bilhões a R$ 35 bilhões, com retração na produção de até 130 milhões de toneladas.
Transformação – Ainda de acordo com o IBGE, no primeiro bimestre, a indústria da transformação registrou incremento de 2,4% na comparação com o mesmo intervalo do exercício passado. Por outro lado, o setor ainda acumula queda de 0,9% nos últimos 12 meses.
Entre os segmentos da indústria da transformação, o melhor resultado em fevereiro foi observado na fabricação de máquinas e equipamentos, com aumento de 9,4% em relação ao mesmo período de 2018. Nos últimos 12 meses, o avanço atingiu 21%, aponta o IBGE.
Já a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias apresentou queda de 3,5% no primeiro bimestre. Com o resultado negativo, o setor acumula retração de 5,5% nos últimos 12 meses.
Fonte: Diário do Comércio