O preço do ouro quebrou um novo recorde nesta segunda-feira (27), confirmando seu status de valor refúgio em tempos de pandemia e tensões entre a China e os Estados Unidos, embora a queda do dólar também tenha contribuído para seu aumento.
O ouro atingiu o máximo absoluto de US$ 1.944,71 a onça pouco depois das 3h GMT (0h de Brasília), e estava sendo negociado a cerca de US$ 1.934 às 8h30 GMT (5h30 de Brasília).
Seu recorde anterior remonta a setembro de 2011, de US$ 1.921 a onça.
O preço do metal amarelo valorizou mais de 27% desde o início do ano. Analistas preveem que o ouro em breve romperá a barreira dos US$ 2.000.
Agora que a epidemia de coronavírus piora em muitos países, os investidores estão escolhendo o ouro, o eterno porto seguro em tempos de crise. As medidas de flexibilização monetária decididas pelo Federal Reserve baixaram o dólar, o que aumentou ainda mais a atratividade do ouro. Como o valor do ouro é expresso em dólares, uma queda na moeda dos EUA torna o metal precioso mais barato para os compradores que usam outras moedas.
Alguns especialistas chegam a prever um preço futuro do ouro a US$ 3.000 a onça, o que convence vários investidores de que não é tarde demais para continuar especulando com esse metal.
As primeiras minas de ouro descobertas datam de 3.000 anos antes de nossa era e foram exploradas pelos egípcios. E a distribuição relativamente equilibrada de ouro em nível planetário fez com que muitas civilizações antigas se interessassem por este metal.
A princípio, o ouro era especialmente apreciado por sua aparência estética, mas mais tarde, a partir de 700 anos antes de Cristo, tornou-se a base do sistema monetário, juntamente com a prata.
O metal amarelo, escasso, relativamente fácil de extrair, maleável – torna-se líquido a 1.064 graus Celsius – e é inoxidável, possui inúmeras qualidades, além de sua beleza, o que o torna muito prático e um metal precioso por excelência.
O ouro permaneceu predominante no sistema monetário internacional até 1971 e a decisão do presidente dos EUA, Richard Nixon, de suspender a conversibilidade do dólar em ouro, encerrando assim o sistema de Bretton Woods herdado da Segunda Guerra Mundial.
Hoje, porém, como a oferta de ouro é constante no tempo, comparada ao de outras matérias-primas, como o petróleo, o metal amarelo tem uma imagem de estabilidade. Entre 2018 e 2019, a produção praticamente não mudou, registrando um aumento de 1%, e apenas o aumento da reciclagem permitiu que a oferta aumentasse em 3%.
Embora o ouro seja altamente valorizado pelos investidores, tem detratores, como o bilionário Warren Buffett, que o critica por sua improdutividade. No passado, o economista John Maynard Keynes zombara do metal precioso como uma “relíquia bárbara”.
Fonte: G1