Notícia sobre o ataque à aldeia ocorre no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a liberação da mineração em terras indígenas
Pelo menos um cacique foi assassinado após um grupo de garimpeiros invadir uma terra indígena no Amapá. O ataque à aldeia dos Waiãpi, que fica na cidade de Pedra Branca do Amapari (AP), ocorreu no fim da tarde desta sexta-feira, quando 50 homens armados invadiram a demarcação. A informação foi confirmada na tarde deste sábado pela prefeita da cidade, Beth Pelaes.
Ainda não se sabe se há mais vítimas. Segundo a prefeita, as lidenças indígenas locais temem que haja conflito, já que, até a tarde deste sábado, os garimpeiros permaneciam na terra Waiãpi. De acordo com ela, os índios pediram a intervenção da Polícia Federal (PF) e ameaçaram atacar os invasores, caso eles não fossem retirados por autoridades. Para controlar a situação, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e a PF estavam a caminho da região por volta das 19h.
“Até o momento estão lá na aldeia. A gente ficou sabendo agora há pouco que estão ouvindo tiros. A gente está acionando o Ministério Público Federal, Polícia Federal, para evitar o pior. Os indígenas falaram que se a Polícia Federal não chegasse até o anoitecer, eles iriam ir para o ataque, porque eles não querem perder a terra deles”, disse a prefeita.
Mais cedo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), fez um registro de ocorrência na PF solicitando a intervenção. O parlamentar relatou ter recebido um pedido de ajuda dos índios. No início da tarde, havia a informação de que dois caciques haviam sido assassinados, mas esse número ainda não foi confirmado. O senador também destacou risco de conflito no local.
Ao longo do dia, relatos sobre a invasão foram compartilhados por redes sociais. No início da tarde, o cantor Caetano Veloso publicou um apelo pelos Waiãpi. “Sou do 342 Amazônia. O grupo recebeu um grito, um pedido de socorro, dos índios Waiãpi, que estão sendo agredidos e ameaçados por garimpeiros no Norte do Brasil. Peço às autoridades brasileiras que, em nome da dignidade do Brasil no mundo, ouçam esse grito”, disse Caetano.
A notícia sobre o ataque à aldeia no Amapá ocorre no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a liberação da mineração em terras indígenas. Essa possibilidade é prevista na Constituição, mas nunca foi regulamentada. Bolsonaro disse que espera obter apoio internacional para legalizar a mineração na região.
Fonte: Época