quinta-feira, 9 de maio de 2024
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    Paredão no Jaraguá revela história pouco conhecida da mineração em SP

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    Caminhando por uma trilha fechada dentro da aldeia indígena guarani Tekoa Itakupe, nas encostas do Pico do Jaraguá, passando por nascentes e árvores centenárias, nos deparamos com um impressionante paredão de pedra. Produzido com blocos de quartzo extraídos do próprio local, a primeira impressão é de uma obra de uma antiga civilização na zona norte da capital paulista.

    Os arqueólogos no entanto, têm uma versão diferente: é uma estrutura de uma mineradora do século 20, dos anos 1930. “Trata-se da ponta de um iceberg, dentro da história da mineração paulista”, explica o arqueólogo Paulo Zanettini, lembrando que os primeiros registros de exploração de ouro no Brasil foram feitos nos ribeirões que corriam pelas encostas do Jaraguá. Zanettini foi chamado, em 2015, para conhecer o local por ambientalistas, que trabalham voluntariamente com os indígenas da região. Antes, havia participado das escavações do Rodoanel, no trecho oeste.

    Zanettini sustenta que existem evidências de que toda região no século 16 era constituída de pequenos arraiais de mineração. Povoados que funcionavam como minúsculas cidades. Nesses locais, a economia girava em volta do metal precioso. “O ouro que foi encontrado em São Paulo motivou expedições para se adentrar no que era chamado de “sertão”. Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, foram Estados vasculhados pelos exploradores, após as descobertas na zona norte paulistana.

    Além do paredão, outra referência histórica que remete ao período da “corrida do ouro paulistano” é a casa do século 16 do bandeirante e minerador, Afonso Sardinha, presente ainda hoje dentro do Parque Estadual do Jaraguá.

    A busca do ouro em São Paulo é uma história pouco estudada e divulgada. Escassos registros foram deixados, mas as pistas continuam pela cidade. “Acredita-se que muito do que era explorado, era de forma ilegal, fugindo das pesadas taxas da Coroa Portuguesa”, sustenta Zanettini. O ribeirão que banha uma aldeia indígena próxima à Itakupe, são seis aldeias no total, chama-se Ribeirão das Lavras, nome que remete à mineração. Um pequeno muro onde era lavado o minério encontra-se em más condições de conservação no local.

    Em 2016 foi aberto processo no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) pelos arqueólogos de Centro de Arqueologia de São Paulo, Paula Barbosa e Francisco Adrião, solicitando o tombamento da área do paredão da mineradora. Segundo o documento, são vinte e dois mil metros quadrados que merecem ser preservados devido à sua importância histórica e paisagística. O tombamento está pautado para ser votado em reunião no dia 29 de abril.

    “Esse paredão representa uma jornada inteira da região. De 1580 até os dias de hoje existe algum tipo de mineração, seja de metais preciosos, seja de areia e pedra. A primeira fábrica de cimento do Brasil, está localizada em Perus”, explica Paula.

    O quartzo retirado do local era utilizado na construção civil da cidade. “Acredita-se que boa parte da pedraria era utilizada na fabricação do “sapólio”, antigo produto de limpeza. O muro possui cerca de seis a sete metros de altura, em um traçado em forma de U, recoberto com musgos, também chama a atenção uma pequena casinha de pedra, onde provavelmente era armazenada a pólvora para a detonação na pedreira. Acredita-se que a estrutura maior abrigava um britador para quebrar as pedras extraídas.

    “Chama a atenção a monumentalidade da obra. Ela estar isolada em meio à mata. A antiga técnica de “cantaria” para fazer a estrutura, tudo isso impressiona”, cita Lucas de Paula Troncoso, arqueólogo que trabalha com Zanettini e a pedido da reportagem do Estado visitou pela primeira vez o sítio arqueológico.

    “É importante preservar esses testemunhos de atividade de mineração, extração de areia e pedras. A São Paulo dos anos 30 passava por uma grande crescimento, impulsionada pelo ciclo de industrialização. A preservação do que restou dessa antiga mineradora, que segundo Paula e Francisco, funcionou durante duas décadas, dos anos 30 aos anos 50, ajuda a contar essa história tão pouco conhecida para os atuais paulistanos.

    Fonte: Estadão

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