Gustavo Werneck, presidente da siderúrgica, se apresentou durante o CCLAC 2019 para discutir o futuro da empresa centenária
Como uma empresa centenária pode se manter relevante em um mundo cada vez mais dinâmico e digital? A resposta passa longe de ser simples, mas talvez Gustavo Werneck saiba o caminho. Desde 2018, ele é CEO da Gerdau, gigante do aço fundada em 1901, e é p primeiro presidente da história do grupo que não é da família Gerdau. O segredo? Quebra de paradigmas, interesse por novas tecnologias e, principalmente, uma mudança que parta dos líderes da companhia.
A responsabilidade é grande, ele sabe. Afinal, encaminhar tamanha mudança dentro de uma companhia com 118 anos, mais de 50 mil colaboradores e um faturamento na casa das dos bilhões é um desafio difícil de mensurar. “É possível uma organização se reinventar para continuar gerando valor ao longo dos anos?”, questiona Werneck, durante sua palestra no “Capitalismo Consciente Latin-American Conference 2019”, evento realizado em São Paulo.
Para o executivo, a resposta é sim. O trabalho envolvido, entretanto, é alto e deve partir das principais vozes da empresa. Ou seja, de cima para baixo. “Se o líder não acredita, o negócio não avança”, afirma.
Werneck usa a palavra “acreditar” porque sabe que sua missão é complexa. Montar uma companhia perene passa, na sua visão, por revolução digital e diversidade. Vale lembrar: ele está falando sobre a indústria do aço. “É um setor machista e preconceituoso”, diz.
Sua principal motivação, além da mudança dos tempos, se deu em 2008 e nos anos seguintes. À época, quando a China entrou na disputa pelo mercado de aço, a Gerdau passou por maus bocados. Viu a concorrência aumentar e a margem das transações diminuir. A saída foi inovar.
O primeiro passo foi encontrar o propósito da Gerdau. “A nossa empresa não nasceu com essa ideia. Tivemos que mergulhar em praticamente 120 anos de história para encontrar nossa cultura”, diz. O processo foi difícil, exigiu disciplina e paciência. “Mas foi uma jornada prazerosa”, afirma.
Depois de tanto trabalho, chegaram à conclusão que o propósito da Gerdau é empoderar pessoas. Para isso, foi preciso implantar um novo programa interno de fomento à diversidade na companhia.
“Sempre fomos uma empresa gerida pelo comando e controle. Agora temos mais autonomia e agilidade, menos burocracia e hierarquia, buscando dar protagonismo às pessoas.” A Gerdau também trocou a sua sede em Porto Alegre (RS) por um escritório em São Paulo, capital.
O escritório segue os moldes das startups, sem mesas definidas e salas exclusivas para cargos de chefia. “Eu sento ao lado de todos. Isso se mostrou completamente produtivo”, diz o CEO.
Em paralelo a esse movimento, Werneck também assumiu como missão pessoal implantar plataformas digitais nos processos da empresa. Dentro do que chama de “metodologia ágil”, adicionou inteligência artificial, realidade virtual, big data, impressão 3D, analytics e até drones. “Montamos nossa própria escola de cientistas de dados”, diz o executivo.
O resultado? 2018 foi o melhor ano da Gerdau da última década. “E um dos melhores resultados históricos”, ressalta Werneck.
Fonte: Época Negócios