No painel “Novos materiais: desafios e oportunidades para a indústria mineral brasileira”, realizado na manhã desta quarta-feira (11/09) na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram 2019), especialistas avaliaram a situação do setor e o potencial econômico dos chamados minerais tecnológicos, com grande demanda na fabricação de baterias para carros elétricos e também na produção de energia solar e eólica. Também foram analisados os minerais críticos e o investimento nos elementos chamados “terras-raras”.
Já é consenso que estes novos materiais deverão crescer em importância nas próximas décadas, por sua aplicação em produtos de alta tecnologia. Porém, de acordo com o engenheiro de Minas Márcio Goto, gerente regional da Roskill para a América Latina, esta “invasão” pode gerar problemas a curto prazo, já que os fabricantes mundiais de bateria estarão sem capacidade de aumentar a produção nos próximos anos. O investimento em fábricas para a produção destas baterias, de acordo com ele, é prioridade para este mercado.
Outro fator de alerta são os “minerais críticos” – aqueles cuja concentração global localiza-se majoritariamente em um único país, como é o caso do cobalto (90% no Congo) e das terras-raras (80% na China). Nestes casos, os impactos de risco econômico relacionam-se a vários fatores, como a estabilidade política, o grau de substituição do mineral e também a reciclagem.
Para o químico Renato de Souza Costa, diretor de Mineração, Energia e Estrutura da Codemge/ Codemig, em razão da nova agenda do mundo econômico – a questão ambiental e a limitação dos recursos naturais e de alimentos, além da emissão crescente de gases-estufa – existe ótimo potencial para os minerais considerados de ‘energia limpa’, como o cobalto, lítio, grafeno e vanádio, os três últimos com produções significativas no país.
Além da questão ambiental, outros pontos merecem atenção especial, segundo ele, como o investimento nos elementos de terras-raras, que tem recursos significativos em Minas Gerais e investimentos da Codemge na construção de laboratórios.
O advogado e professor Fernando Landgraf, do Instituto de Pesquisa Tecnológica do Brasil, reforça o potencial brasileiro com as terras-raras. “Possuímos reservas de 22 milhões de toneladas. Separar esses elementos químicos não é tarefa fácil, pois a cadeia produtiva é extensa. Mas, se há riscos, temos também oportunidades, pois o país tem grande potencial e apoio das agências de fomento”.
O economista Pedro Dias, do BNDES, reitera o papel do Brasil com sua cadeia de minerais ligados à alta tecnologia. “Nosso desenvolvimento sustentável na mineração está relacionado a estes materiais avançados, saindo do potencial mineral para alcançar a industrialização”, concluiu.
Fonte: Assessoria de Imprensa