De Caetité (BA) @blogdomariobittencourt | Fonte: Canal Rural
É possível desenvolver uma atividade de mineração com sustentabilidade?
Há alguns anos, esta mesma pergunta era feita com relação ao agronegócio e hoje vemos que sim, é possível, sobretudo usando-se os diversos recursos tecnológicos da agricultura de precisão, forma de gerenciamento agrícola de baixo impacto ambiental.
No caso da mineração, ela parece dar os primeiros passos rumo à sustentabilidade com o processamento a seco do minério de ferro. Essa tecnologia já é utilizada, por exemplo, pela Vale, que nos últimos 10 anos investiu cerca de R$ 66 bilhões em instalações e no desenvolvimento de tecnologias para a produção de minério de ferro a seco.
Hoje, a maior parte da produção de minério de ferro da empresa – cerca de 60% – é a seco, no Pará e em Minas Gerais. Em cinco anos, a meta da Vale é atingir cerca de 70%, com investimentos na ordem de R$ 11 bilhões.
Na Bahia, essa tecnologia será empregada na exploração do minério de ferro na zona rural de Licínio de Almeida, próximo a Chapada Diamantina.
De responsabilidade da Companhia Vale do Paramirim, do empresário João Carlos Cavalcanti, geólogo e engenheiro de minas, as pesquisas sobre exploração estão na fase de prospecção, com cinco sondas que buscam saber a profundidade em que está o minério.
Porque largura e comprimento da superfície área a ser explorada já se tem: são 54 hectares, as quais estão dentro dos 1.000 hectares que a empresa solicitou ao Ministério de Minas e Energia para que fossem feitos os estudos.
Mesmo com as pesquisas ainda em fase inicial, a empresa estima que o potencial de exploração mineral seja de 5 milhões de toneladas por ano, o que geraria cerca de R$ 12 milhões/mês de impostos aos cofres públicos de Licínio de Almeida, onde a expectativa é de geração de cerca de 2 mil empregos diretos, sobretudo com mão de obra local.
Além de gerar emprego e aumento da arrecadação de impostos, a Companhia Vale do Paramirim busca atuar com respeito ao meio ambiente e as comunidades locais, como a do Taquaril dos Fialhos, onde residem 32 famílias, as quais, segundo a empresa, não precisarão deixar seus lares por conta da exploração de ferro.
Próximo a essa comunidade nasce o Rio do Salto, do qual não será preciso ser retirada água para processamento do minério de ferro por conta da utilização da tecnologia a seco, que também evita a construção de barragens de rejeitos.
Para ser comercializado, o minério de ferro extraído passa por equipamentos que o quebram em partículas menores e classificam as rochas por tamanho.
Nesse processo, o minério passa por peneiras, onde é feita a separação de acordo com uma especificação padrão de produto. Essa é uma das etapas mais importantes da produção: a classificação por peneiramento.
No beneficiamento a úmido, como era feito antigamente, utilizava-se água para a classificação e purificação do minério de ferro, retirando impurezas (como a sílica) que prejudicam a qualidade final do produto. Posteriormente, o material precisava ser submetido a processos de redução da umidade para ser empilhado e transportado até os clientes.
Já no tratamento a seco, não há adição de água e, após a britagem e o peneiramento, o minério já está pronto para ser comercializado.
Essa tecnologia ainda é desconhecida na comunidade de Taquaril dos Fialhos, onde, talvez por falta desse desconhecimento, os moradores ainda veem com desconfiança a chegada do empreendimento.
Na região, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) realiza uma campanha contra a exploração do minério de ferro e teme que haja desastres como os que ocorreram em Minas Gerais, onde centenas de vidas foram ceifadas.
Mais que natural esse temor. Contudo, assim como ocorre com o agronegócio, grupos radicais se aproveitam de situações pontuais de grande impacto social e ambiental para generalizar e incluir numa imagem só a atuação daqueles que buscam olhar para frente e buscam alternativas que visam o desenvolvimento econômico atrelado à sustentabilidade ambiental. Não evoluem e nem deixam ninguém evoluir.
Ao largo do que pensam esses grupos, a Companhia do Vale do Paramirim segue com outros projetos de desenvolvimento social e econômico para a Bahia.
O mais recente deles é um estudo sobre os potenciais minerais que o traçado de mais de 1.500 km da Ferrovia da Integração Oeste Leste (Fiol) oferece. Ele será bancado pela própria companhia e deve ser concluído em um ano. Potenciais áreas de exploração de lítio, zinco e fosfato estão no radar da empresa.
De Caetité (BA) @blogdomariobittencourt
Fonte: Canal Rural