terça-feira, 5 de novembro de 2024
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    No Pará, Mourão mostra a embaixadores uma Amazônia pulsante

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    Vice-presidente foi a Altamira e também esteve na Grande Belém nesta semana

    Ao longo de três dias, 10 embaixadores de países com os quais o Brasil mantém boas relações estiveram no Pará, ciceroneados pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em missão diplomática do Conselho Nacional da Amazônia Legal. Segundo Mourão, a visita fez parte dos esforços do governo federal em apresentar a região e as atividades socioeconômicas desenvolvidas na Amazônia, bem como a logística de combate aos desmatamentos e queimadas ilegais.

    “Procuramos abordar com total transparência os principais desafios da região. As visitas nos revelaram uma região rica, mas complexa. Aqui no Pará encontramos uma situação muito diversa, com grandes projetos de mineração e energia limpa, com as hidrelétricas, junto a um verdadeiro mosaico de comunidades indígenas, ribeirinhas e áreas de desmatamento. É bom frisar, porém, que em todo o nosso trajeto aéreo não avistamos nenhum ponto de queimada. É óbvio que elas existem, mas não em toda a região”, disse, frisando que muitos agentes internacionais têm a impressão de que a floresta inteira está em chamas.

    Também durante a coletiva de imprensa que concedeu para jornalistas ao final da visita, no Museu Emílio Goeldi, ele elogiou as múltiplas possibilidades de projetos relacionados à bioeconomia na Amazônia, especificamente em relação ao açaí e ao cacau. Mourão também destacou que a economia da Amazônia precisa ser inclusiva e que os produtores locais precisam ser bem remunerados para manter a engrenagem da economia sustentável girando.

    “Nesse sentido, temos um tripé em que precisamos avançar no mapeamento das cadeias de valor, infraestrutura, logística e buscar atração de financiamento privado para desenvolver ações e fazer a economia andar”, completou o vice-presidente e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal.

    Carajás
    Além de Belém, a comitiva passou por Canaã de Carajás, onde segundo o vice-presidente todos ficaram impressionados com a infraestrutura da mineradora Vale, em especial por conta do transporte de correias, que de acordo com Mourão “evita ter mais caminhões gerando gases poluentes”. O grupo também conheceu a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, e ainda um projeto de beneficiamento de cacau em Medicilândia, a primeira indústria do gênero no Pará. Para finalizar a visita, a comitiva conheceu as instalações do Instituto Evandro Chagas, em Ananindeua.

    Ele também aproveitou para admitir que os desafios do monitoramento da região são gigantes e disse concordar com especialistas que classificam como tímidas as reduções no desmatamento entre 2020 e 2021, na casa dos 5%. Mourão afirmou que os embaixadores possuem ciência dessas informações e que o Conselho não esconde números.

    Desmatamento ilegal
    “O mês de maio foi o culpado por não atingirmos nosso objetivo de ficar numa faixa de 10 a 15% de redução no desmatamento ilegal. Temos ainda uma certa dificuldade no nosso sistema de monitoramento na separação daquilo que é desmatamento legal do ilegal. Vamos lembrar que em qualquer propriedade na Amazônia, o proprietário tem direito de explorar 20% da área, ou seja, desmatar 20%. A gente se concentra muito em verificar desmatamentos nas unidades de conservação, terras indígenas e terras devolutas. Hoje o pior problema está nas terras devolutas. O desmatamento nas unidades de conservação e terras indígenas não chega a 15% do total do que vem ocorrendo”, afirma.

    O Vice-Presidente afirmou que o governo tem recursos escassos e disse que foi preciso fazer o que os militares chamam de “seleção de frente”, baseados em levantamentos de inteligência sobre quais são os municípios que possuem desmatamento em maior intensidade e concentraram neles as ações das agências de fiscalização. Ele avaliou que há, porém, uma tendência de queda em relação a 2019 e 2020.

    Avanços
    Durante coletiva de imprensa, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) compartilhou um dado que foi celebrado pelos demais integrantes da comitiva: uma redução de 38,12% no desmatamento em agosto de 2021 na comparação com o mesmo mês de 2020. Para ela, a aliança do Exército foi de grande importância, especialmente na elaboração de estratégias e logísticas junto aos fiscais do desmatamento.

    “Espero que isso possa continuar. Tenho sido uma defensora ferrenha do fim do desmatamento ilegal por muitos motivos. A nossa Amazônia garante a permanência e regularidade no centro-sul do país, mas também no norte do Uruguai, da Argentina e do Paraguai. Temos uma responsabilidade muito grande com as nossas florestas, não só do Brasil, mas desses países vizinhos. Outro motivo importante é a riqueza da biodiversidade, da fauna e da flora. Esperamos que tudo isso possa ser transformado num grande ativo brasileiro”, afirma.

    Futuros acordos
    Kátia Abreu afirmou que esses números podem ser decisivos para futuros acordos da União Europeia com o Brasil e com o Mercosul. Ela destacou que 82% de toda a produção da Amazônia vem do Mato Grosso, assim como 78% da área de produção. Ela usou os números para lembrar que em uma região tão chuvosa, fica difícil expandir plantios e atividades pecuaristas.

    “As áreas nos outros estados são muito pequenas de desmatamento e antropização. Isso faz com que possamos ficar mais tranquilos. Temos mais de 80% do bioma amazônico preservado. Se nós tirássemos só o estado do Pará, seria o oitavo maior país produtos de cacau. A resposta é a bioeconomia através do cacau, açaí, dos fármacos, dos biocosméticos, da gastronomia, do turismo. Deixo isso registrado para ninguém imaginar que a soja e o gado tenham avançado Amazônia afora porque não é verdade”, argumentou.

    Para a reportagem de O Liberal, Kátia Abreu disse que o agronegócio “vai muito bem, obrigada”, mas que o setor precisa fechar acordos comerciais para aumentar as empresas ganharem mais mercados e gerarem empregos e o país então crescer. Ela disse que ter otimismo e que não há outro jeito se não evitar o desmatamento ilegal.

    “Não é mais uma questão de querer. É uma imposição para o Brasil. Com o ex-ministro do meio ambiente [Ricardo Salles] de fato foi horrível, muito ruim. Tivemos uma ré. Retrocesso. Então eu espero que esse novo ministro, que eu ainda não tive tempo, não gosto de ficar elogiando as pessoas antes da hora, né, eu espero que ele vá bem. Estou torcendo demais que ele vá bem. Espero que ele seja mais ousado e apoie o nosso projeto de lei que reduz para, em vez de 30 anos, o tempo para acabar o desmatamento ilegal até 2025. Queremos o apoio dele. Quanto mais rápido a gente correr, mais rápido a gente fecha os acordos”, disse a senadora, que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado.

    Participaram da comitiva embaixadores do Japão, Espanha, União Europeia, Angola, Paraguai, França, Índia, Uruguai, Reino Unido, Suíça e Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.

    Fonte: O Liberal

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