Os encontros online reuniram profissionais da assistência social, saúde, educação e segurança pública de Aripuanã
A Nexa, por meio do projeto Aripuanã Por Elas, desenvolvido em parceria com o Instituto Votorantim, a ECOS Comunicação em Sexualidade e a Rede de Proteção e Garantia dos Direitos das Mulheres de Aripuanã, promoveu, nos dias 14, 21 e 28 de julho, encontros formativos com o objetivo de ampliar, contextualizar e aprofundar o debate sobre as violações de direitos das mulheres. A formação foi dividida em três módulos, tiveram 54 inscritos e reuniram em média 30 participantes em cada módulo.
Os encontros contaram, além da condução e mediação da consultora Elaine Bortolanza da ECOS, com a presença de seis especialistas para a abordagem das temáticas e membros do Comitê Multisetorial Aripuanã por Elas, atualmente composto por representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), setores municipais de Assistência Social, Saúde, Educação, Promotoria de Justiça, Polícia Militar, Polícia Civil e sociedade civil.
Elaine Bortolanza, consultora da ECOS Comunicação em Sexualidade, explica que a construção de um trabalho articulado e integrado a todos os setores da Rede de Proteção, com a participação de representantes do Comitê Multisetorial Aripuanã Por Elas, tem um papel crucial para a mudança do cenário. “O acolhimento humanizado de todos os atores que atuam na rede de proteção e o atendimento multisetorial às vítimas de violência é primordial para o enfrentamento à violência contra a mulher. O engajamento de gestores e profissionais que atuam nas escolas, por exemplo, tem um papel central na mudança de valores. Com o envolvimento desses atores e a ampliação do debate sobre a violência de gênero nas escolas é possível conscientizar meninos e meninas para que possam crescer sem reproduzir os estereótipos de gênero relacionados à violência doméstica contra a mulher”, afirmou Elaine.
Módulos de Formação
O primeiro encontro abordou a importância de se falar sobre violência contra a mulher e envolver toda a comunidade no enfrentamento, contextualizando com percepções e dados nacionais da pesquisa “Violência doméstica contra a mulher na pandemia”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva em outubro de 2020. Este encontro teve a participação de Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão. Além disso, a convidada abordou conceitos, marcadores e questões estruturais da violência contra a mulher; feminicídio e o aumento significativo no contexto da pandemia e as boas práticas para o trabalho em rede.
No segundo módulo da formação foi apresentada a legislação vigente e as recentes alterações na Lei Maria da Penha, os desafios das mulheres vítimas e dos profissionais que atuam na Rede de Proteção se deparam para os encaminhamentos legais, principalmente dos órgãos e serviços de segurança pública e judiciário, com a participação de Rubia Abs da Cruz do CLADEM Brasil e Consórcio Lei Maria da Penha. Além disso, contou com a participação da Tenente – Comandante Emirella Martins, Coordenadora da Polícia Comunitária e Direitos Humanos da PMMT e Coordenadora Estadual da Patrulha Maria da Penha – MT e da Tenente Ana Scariotti, coordenadoras regional 8o Comando da PM da Patrulha Maria da Penha, que trouxeram dados de MT e Aripuanã de violência contra a mulher, um histórico do Programa Patrulha Maria da Penha com indicadores de resultados e as boas práticas do Programa no estado do Mato Grosso.
Já no terceiro módulo, foram apresentadas as questões relacionadas aos marcos internacionais e nacionais de gênero a partir de uma reflexão sobre as masculinidades e a violência com a participação do Professor e co-fundador da Campanha Laço Branco Sérgio Barbosa, além das questões legais e atuação do Ministério Público em Aripuanã (MT) – Promotoria da Justiça no enfrentamento à violência contra a mulher. Entre as rodas de conversa também foram realizadas dinâmicas em grupos e exibições de vídeos sobre os temas abordados durante a formação.
O promotor de Justiça de Aripuanã, Fernando Bosso, revelou que a violência doméstica em Aripuanã tem registros preocupantes. “Os números na cidade são bastante alarmantes. A iniciativa auxilia na mobilização de todos os atores da Rede de Proteção que compõem o Comitê Multisetorial Aripuanã por Elas. Com isso, o diálogo do Ministério Público com a delegacia de polícia, a Polícia Militar e com os órgãos da Prefeitura se fortalece. Então, a ação acaba sendo um catalisador desse diálogo institucional, acelerando a obtenção de bons resultados futuros nessa área.”, explica.
De acordo com o coordenador de Gestão Social da Nexa para o Projeto Aripuanã, Marcelo Patarro, a partir dessa iniciativa, a empresa contribui na ampliação do debate sobre a violência doméstica. “As formações pretendem engajar, nivelar e compartilhar o conhecimento sobre o enfrentamento da violência contra a mulher entre todos os membros da rede de apoio, fortalecendo a atuação do sistema de garantia de direitos e uma melhor condução de amparo às vítimas”.