Com dez anos recém-completados, a Mineração Usiminas (Musa) inicia a segunda década de operação em busca de caminhos tão promissores quanto os trilhados até aqui. Para isso, a subsidiária da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), que no início das operações tinha como foco atender às demandas da companhia e tornou-se uma das maiores produtoras de minério de ferro do País e importante fornecedora no mercado internacional, vislumbra para os próximos exercícios, investimentos e ações nos campos econômico, social e ambiental.
A começar pelo tão esperado Projeto Compactos, que segue há anos em fase de estudos, visando à ampliação da capacidade do braço de mineração da siderúrgica para 29 milhões de toneladas. De acordo com o gerente-geral de Sustentabilidade da Musa, André Chaves, o projeto está bastante adiantado, dependendo apenas de aprovações finais do Conselho de Administração da companhia para, enfim, ser executado.
“O projeto elevará os indicadores de produtividade. Está sendo construído a cada dia e no curto prazo será levado à apreciação do conselho para implantação e consolidação do investimento. Estamos bastante confiantes de que o mercado seja receptivo e haja uma nova fronteira para a unidade de mineração”, afirmou.
Lançado em 2008, juntamente com o Projeto Friáveis, que elevou a capacidade instalada das usinas de beneficiamento de minério de ferro da empresa de 8 milhões de toneladas para 12 milhões de toneladas em 2013, ao custo de aproximadamente R$ 700 milhões, o Compactos não saiu do papel.
É que, até então, a demanda pela commodity era enorme e os preços altamente competitivos. A partir de 2013, no entanto, iniciou-se uma crise mundial no setor. Somado a isso, houve uma briga pública entre os sócios majoritários da companhia, e um posterior endividamento da controladora Usiminas.
Passado o período turbulento, porém, restaram apenas os aprendizados e as boas recordações, que, conforme o gerente, levaram a Musa a ser uma empresa “que entrega recordes e resultado sustentável” – disse em referência ao Ebitda ajustado do segundo trimestre deste exercício, cujo resultado foi de R$ 380 milhões, recorde histórico para a companhia.
Rejeitos a seco – Outro quesito que promete guiar os rumos da empresa nos próximos anos, diz respeito à disposição de rejeitos a seco. Sob investimentos de R$ 160 milhões, a Musa deu início à implantação do método Dry Stacking na unidade de Itatiaiuçu, na região Central, visando o fim do ciclo de uso das barragens no processo de beneficiamento de minério.
Os aportes contemplam a construção de uma planta de filtragem, bem como as estruturas necessárias para conectar o novo sistema ao processo de beneficiamento da mineradora. O montante também engloba a preparação da área que irá receber os rejeitos, formando uma pilha, e o transporte do material entre os dois pontos.
Segundo Chaves, a expectativa é de submeter o projeto à aprovação dos órgãos reguladores até o fim deste exercício. “As duas barragens a montante cumprirão os prazos legais da ANM (Agência Nacional de Mineração), mas a expectativa que é que tenhamos uma descaracterizada ainda este ano e outra no início do ano que vem”, revelou.
Conforme já publicado, o projeto é resultado de um trabalho iniciado em 2016, com os primeiros estudos, para alinhamento das operações da Musa às novas tecnologias e padrões de excelência nacionais e internacionais que gerassem mais conforto e segurança para a população da região.
Em 2018 a companhia protocolou o pedido de licenciamento ambiental na Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram) do governo do Estado. Na época, a empresa informou que o objetivo do projeto era aprimorar técnica e ambientalmente a destinação dos rejeitos do processo produtivo do minério de ferro da unidade, por meio de um método já utilizado em outros países.
“A única barragem implantada pela Mineração Usiminas, em 2012, já era a jusante. Sem contar o esforço que tem sido feito para a migração do método utilizado, com um investimento bastante robusto de maneira a concluir a primeira década fechando também este ciclo de utilização de barragens. Mesmo ainda quando não se tinha nada de concreto na legislação, já estávamos migrando para a filtragem de rejeitos”, lembrou.
O executivo destacou a importância do diálogo e da transparência na relação com comunidade, meio ambiente, fornecedores ou clientes. “A Musa é uma empresa jovem, que vem buscando sua identidade e seu posicionamento de mercado, mas que tem conquistado, de maneira concreta e robusta, seus stakeholders. O ‘dever de casa’ foi muito bem feito nos últimos dez anos, em termos de investimentos, formação de pessoas e estabelecimento de confiança. Que nos próximos dez anos também seja”, afirmou.
Por Mara Bianchetti
Fonte: Diário do Comércio