*Wagner Xavier
Nos últimos anos, as mulheres vêm rompendo em ritmo acelerado a barreira da exclusão de gênero que sempre se impôs no trabalho em minas, ferrovias, usinas de pelotização e portos.
Emily Hahn era uma estudante de artes da University of Visconsin Madison quando ouviu de um professor que “a mente feminina é incapaz de lidar com os princípios da mecânica, da alta matemática ou com qualquer fundamento do ensino da mineração”. Ela decidiu provar que ele estava errado. Mudou de curso, matriculou-se em engenharia de minas e, alguns anos mais tarde, torna-se a primeira mulher no mundo a ingressar no setor de mineração.
Estávamos em 1926. Passado quase um século, o pioneirismo de Hahn é hoje uma realidade crescente nas empresas que atuam nas áreas de extração, transporte, beneficiamento e exportação de minério de ferro. Nos últimos anos, as mulheres vêm rompendo em ritmo acelerado a barreira da exclusão de gênero que sempre se impôs no trabalho em minas, ferrovias, usinas de pelotização e portos.
Os dados mais recentes referentes à ocupação de mulheres na Vale constam no Relatório de Sustentabilidade 2018. Nele, consta a informação de que a mão-de-obra feminina na empresa em todo o país já ocupa algo em torno de 12% entre os cerca de 96 mil trabalhadores diretos e indiretos da mineradora.
Não é pouca coisa. Estamos falando de aproximadamente 11,5 mil mulheres exercendo os mais diversos cargos: da complexa manobra dos monumentais caminhões Caterpillar 797, os maiores do planeta, à gestão (chefia e supervisão) de áreas cujo contingente de empregados é exclusivamente masculino.
Mas há muito a avançar. A Vale – e o setor de mineração, como um todo – ainda é uma empresa eminentemente machista, em que pesem os reconhecidos e elogiáveis esforços institucionais de inclusão de gênero. Esse gap na relação empregatícia homem e mulher no ambiente da Vale é perceptível, de forma emblemática, na cadeia de comando da empresa.
Entre os nove membros da diretoria-executiva, há apenas uma mulher. O número cresce entre os 26 representantes (13 titulares e 14 suplentes) do Conselho de Administração, com três conselheiras titulares e uma suplente.
*O autor é presidente do Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer ES/MG)
Fonte: A Gazeta