É o resultado de uma dura desigualdade econômica em toda a África, que abriga algumas das reservas mais ricas do mundo de metais e minerais e também parte da população mais pobre, pessoas dispostas a arriscarem suas vidas em condições perigosas para garantir seu sustento.
A mina a céu aberto — que faz parte da Kamoto Copper — que a Glencore opera no Congo é vasta e os perímetros se estendem por quilômetros, o que dificulta o policiamento. A Glencore estima que 2 mil pessoas em média não autorizadas entram no local todos os dias.
A empresa disse que as pessoas morreram em um deslizamento de terra na quinta-feira depois de invadir uma área da mina. Até sexta-feira, 43 corpos haviam sido resgatados, segundo Joseph Yav Katshung, chefe de gabinete do governador da província de Lualaba.
“A mineração ilegal é um excelente exemplo do tipo de risco associado à mineração na República Democrática do Congo”, disse Indigo Ellis, analista da Verisk Maplecroft, uma consultoria de risco em Londres. “Não é tão simples dizer que a contratação de seguranças privados resolverá o problema, já que muitas vezes eles estão envolvidos nesse comércio.”
Os trabalhadores entraram na mina sem permissão e colocaram suas vidas em risco nas escavações em Kamoto, uma das maiores minas de cobalto do mundo, disse a Glencore em comunicado na quinta-feira.
Há possivelmente mais mortes não confirmadas e uma operação de busca e resgate está em andamento.
Para conseguir invadir as minas na África, os trabalhadores às vezes cavam túneis por baixo das paredes ou vivem no subsolo para extrair minério com uma picareta. Metais valiosos como o cobalto, componente essencial das baterias de íons de lítio, tornam a mineração ilegal uma opção atraente para os mais pobres da África. Na África do Sul, as estimativas apontam 14 mil pessoas envolvidas em mineração ilegal.
É um problema que afetou várias empresas do setor. O Congo enviou tropas para proteger a mina Tenke Fungurume, controlada pela China Molybdenum, de mineradores ilegais.
“A polícia está sobrecarregada”, disse Richard Muyej, governador da província de Lualaba, no Congo. Ele estima que havia entre 5 mil e 8 mil pessoas realizando escavações em Tenke Fungurume.
Para a Glencore, o acidente na mina é um sinal de alerta dos riscos das operações na República Democrática do Congo, considerado um dos países mais corruptos do mundo
Fonte: UOL