O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse hoje que o MME desenvolve projetos para ampliar o acesso ao crédito dos mineradores no país. Entre as propostas está a de criar um fundo de investimento para cadeias em mineração, a exemplo do Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (FIAGRO).
Outro produto em análise é a letra de risco de seguro, títulos que poderão ser emitidas pelas mineradoras para financiar seus projetos com recursos do mercado de capitais. Para tais propostas evoluírem, Sachsida afirmou que o MME precisa do apoio das entidades parceiras, como o IBRAM, e que “é fundamental colocar a mineração no mercado de capitais”.
A afirmação faz referência ao fato de apenas oito companhias mineradoras estarem listadas na bolsa brasileira, a B3, entre as quais CSN, CBA, Vale e Aura. SAchsida citou o Canadá como referência em mineração sustentável e será o exemplo a ser seguido pelo MME na estruturação dos planos de expansão da atividade mineral no país, assegurou o ministro.
“Em mineração, o Brasil tem que ser igual ao Canadá. É inaceitável não ter a mesma robustez em mineração que o Canadá e a Austrália. São países que dão valor enorme ao meio ambiente, à mineração sustentável e serão o norte do MME no que se refere a mineração”, afirmou.
Sachsida abriu o Fórum Brasileiro de Investimentos em Mineração, na sede da Federação das Indústrias do Estado de S. Paulo (FIESP), em São Paulo. O objetivo do evento foi despertar a atenção de grandes investidores para o setor mineral, que apresenta boas perspectivas de evolução nas próximas décadas no Brasil. Também participaram da solenidade de abertura o presidente da FIESP, Josué Gomes da Silva, o diretor presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, o diretor do BNDES, Bruno Aranha, e o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), Luis Mauricio Ferraiuoli Azevedo.
O presidente da FIESP deu as boas-vindas às dezenas de participantes do Fórum e ressaltou que o Brasil é uma potência em mineração e demanda financiamento constante para sua expansão e consequente geração de contribuições socioeconômicas ao país.
Raul Jungmann: mineração não tem sistema de financiamento consolidado
Raul Jungmann, acrescentou que a mineração é um dos principais segmentos econômicos do Brasil e, ao contrário de outros, como o agronegócio, a indústria em geral, “até hoje não tem um sistema de financiamento consolidado”.
Jungmann citou os principais números que mostram a importância do setor mineral: faturamento de R$ 339 bilhões, recolhimento de tributos de R$ 117 bilhões, de royalties em R$ 10 bilhões, emprego para 2 milhões de brasileiros, diretos e indiretos. Ele assinalou ao público participante do Fórum na FIESP, que a indústria da mineração também está à frente de vários setores ao adotar uma ampla Agenda ESG, em implantação desde 2019, demonstrando o sério compromisso com as boas práticas respeitadas internacionalmente – e exigidas pelos investidores.
“As grandes empresas do setor mineral têm suas fontes de financiamento. Mas as demais não têm. Não há este acesso de forma consolidada”, afirmou, comparando que a mineração no Brasil é um “gigante econômico”, mas com pouca presença em termos de acesso a financiamento. Quase 90% da mineração do Brasil é formada por micro e pequenas empresas.
O presidente do IBRAM convidou os investidores a avaliarem com prioridade o aporte de capital na indústria da mineração. Disse que há potencial de expansão em diversos projetos, como os voltados a desenvolver a produção de minérios para fertilizantes e para minerais estratégicos para se efetivar a transição para uma economia de baixo carbono.
Raul Jungmann também elogiou o comando de Adolfo Sachsida no MME por estar comprometido com a criação de condições sustentáveis para a mineração vislumbrar plenas condições para se desenvolver.
Bruno Aranha, do BNDES, disse à plateia do Fórum, com a presença de vários investidores, que o Brasil precisa caminhar para desenvolver projetos minerários que influenciarão a expansão das iniciativas de inovação tecnológica, importantes para a transição energética, uma das agendas globais.
Segundo ele, o nível de investimento em 15 anos em mineração no mundo deverá ser de US$ 1,5 triho, em minerais críticos para essas tecnologias, como cobre, níquel, lítio, entre outros. Para isso, se faz necessário fornecer acesso ao crédito de forma inovadora. “O mercado financeiro tem que apoiar o setor mineral. A rede Invest Mining tem este objetivo, de formar todo um ecossistema favorável a isso, de aproximar empreendedores do mercado financeiro(…) e apresentar novos instrumentos financeiros para o setor e canalizar a ele os recursos necessários”.
Luis Azevedo, da ABPM, ressaltou a importância da rede Invest Mining, em debate no Fórum na FIESP, melhorar o entendimento do setor mineral pelos investidores, do Brasil e de outros países, o que irá abrir oportunidades de financiamento para essa indústria. A rede Invest Mining é formada por um consórcio de organizações dos setores público e privado, e foi a organizadora do Fórum Brasileiro de Investimentos em Mineração. Esta rede está em fase de estruturação e já lançou edital de chamamento para apresentação de projetos minerais que podem vir a receber crédito.
Reestruturação no MME
O ministro Adolfo Sachsida anunciou também que está promovendo reestruturação em todo o MME para fortalecer o setor dedicado à mineração. A prioridade é aumentar o orçamento e o quadro de pessoal, disse. Ele acrescentou, ainda, que foi criado o Conselho Nacional de Política Mineral, onde os ministérios terão um fórum para avaliar e obter consenso em torno das medidas que favoreçam o desenvolvimento da mineração no país.