A dinâmica da economia mundial durante a crise instaurada pela pandemia da Covid-19 recebe a atenção do diário francês Les Echos nesta terça-feira (18), com ênfase nas incertezas do mercado de minério de ferro. O jornal destaca a cotação da commodity, acima dos US$ 100, impulsionada pela recuperação da atividade econômica na China e pelas dificuldades de produção do insumo, principalmente no Brasil.
O artigo compara que não é apenas o ouro que está se beneficiando da crise do coronavírus. Depois de resistir durante o confinamento, os preços do minério de ferro têm subido continuamente desde maio. Em Cingapura, a tonelada do produto está sendo negociada a quase US$ 120, o valor mais alto em um ano. Na cidade chinesa de Dalian, são necessários US$ 130 para obter uma tonelada do minério.
Para explicar esse aumento, os operadores do mercado argumentam, por um lado, uma retomada da atividade na China mais sólida do que o esperado e, por outro, os temores de rupturas por parte da oferta, particularmente no Brasil, duramente atingido pela pandemia da Covid-19.
A China produz cerca de metade do aço mundial, e sozinha consome 75% do minério de ferro transportado por mar. Apesar das medidas de contenção e do isolamento da economia global, o antigo Império do Meio caminha para registrar um recorde histórico de produção de aço.
Este aumento é sustentável, se pergunta Les Echos? Não, dizem os observadores. Daniel Briesemann, do Commerzbank, acredita que “apesar da grande demanda, o forte aumento nos últimos meses é excessivo”. O especialista acrescenta que “os temores em relação ao Brasil ainda não se concretizaram”. Analistas do banco UBS também consideram esses níveis de preços “insustentáveis”, embora o mercado esteja mais tenso do que o esperado.
Brumadinho
O texto afirma que a gigante brasileira Vale, que tem todo o interesse em ver os preços subirem, também teria conhecimento de que esses valores não ficarão tão altos. A demanda global continua fraca, e o grupo conseguiu aumentar a extração de minério para cumprir suas metas anuais. Mas a capacidade de manter a produção durante a pandemia deve colocar os preços sob pressão.
O jornal Les Echos lembra o desastre de Brumadinho. A última vez que os preços ultrapassaram os US$ 120 foi no verão de 2019, após o rompimento da barragem que matou 270 pessoas no Brasil. Após o desastre, o grupo Vale foi forçado a rever a segurança de suas instalações e essas medidas teriam afetado a produção de ferro da número um do mundo.
Fonte: UOL