Setor ainda tem baixa representatividade feminina, mas, busca reverter este cenário
Além da produção de riquezas, a mineração está sempre buscando promover e impulsionar ações para impactar positivamente o meio ambiente e a sociedade. Este mês, a importância da diversidade no setor mineral foi a pauta do Diversibram – Semana de Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil, que foi realizado de 14 a 18 de março, pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração).
Um dos desafios para tornar a indústria da mineração mais diversa e inclusiva, é aumentar a participação feminina no setor. De acordo com dados do IBRAM, até agosto de 2021, apenas 17% dos profissionais eram mulheres. A baixa representatividade da força de trabalho feminina motivou o estabelecimento de metas para aumentar esses números.
Uma das metas estabelecidas pelas mineradoras associadas ao IBRAM, na Agenda ESG da Mineração do Brasil, (que reúne boas práticas em relação ao meio ambiente, à responsabilidade social e à governança) é dobrar o número de participação das mulheres no setor mineral até 2030. Empresas com o percentual atual abaixo de 13%, devem chegar a 25%; mineradoras com percentual atual entre 13% e 20%, devem dobrar esse número; e as organizações que atualmente tem mais de 20% de mulheres no seu quadro de funcionários devem aumentar para 45%.
Durante a Diversibram, a sócia da consultoria Falconi, Raquel Azevedo, apresentou os números assumidos pelo setor para 2030. “Em agosto de 2021, quando fizemos as análises das organizações do setor, foi detectado cerca de 17% das mulheres atuando na mineração brasileira. Nossa meta é em 2030 atingirmos o número de 35%. Já nas posições de liderança, foi detectado no ano passado cerca de 22% das mulheres presentes nessas posições. A nossa meta é atingirmos o mesmo número de 35%”, explicou.
Na Bahia, algumas empresas já trabalham para promover essa transformação, como é o caso da Mineração Caraíba, uma das principais produtoras de cobre do país, que atua há mais de 52 anos, no norte do estado. Conforme dados da empresa, de 2018 a 2022, a participação feminina teve um aumento de 91,79%. Aliado a esse crescimento expressivo, e com o objetivo de avançar ainda mais principalmente nas atividades operacionais, a Mineração Caraíba criou o Banco de Talentos “Mulheres na Operação”.
“O banco de talentos “Mulheres na Operação” segue nosso propósito de respeito absoluto à diversidade, pessoas e ideias, e fortalece a participação feminina no setor, sobretudo na área operacional, onde ainda há prevalência masculina. Nosso objetivo, em breve, é termos ainda mais operadoras, motoristas, técnicas e especialistas desenvolvendo atividades conosco”, ressalta Tayana de Sousa, Coordenadora de Gente da MCSA.
A mudança de cenário já é perceptível e estereótipos de que as mulheres são sexo frágil aos poucos vão sendo desconstruídos, é o que relata a gerente de beneficiamento da Mineração Caraíba, Aline Simões. “A mineração está a cada dia mais evoluindo, se atualizando, e com isso, expandindo espaço para as mulheres dentro de diversos setores, do administrativo ao operacional. O estereótipo de sexo frágil perde força diante da competência de mulheres cheias de disciplina, motivação, coragem e alegria. Aqui na Mineração Caraíba, mulher é o que ela quiser ser”.
Outra mineradora que também está buscando ampliar a contratação de mulheres é a Yamana Gold, terceira maior produtora de ouro do Brasil, que atua no município de Jacobina, norte baiano. Com o intuito de fortalecer e integrar constantemente as mulheres no processo de trabalho da mineração, a empresa conta com o programa Diversidade Feminina.
Conforme dados da instituição, no final do ano passado, a empresa alcançou o percentual de 11,5% do total de mulheres no quadro de contratação. “A mulher traz uma perspectiva nova para o negócio e a importância da mulher na mineração é trazer esse olhar diferenciado, essa perspectiva diferente. A mulher na mineração é muito bem vista e bem-vinda. E a Yamana vem tendo o cuidado de não só bater a meta numérica (de incluir mais mulheres), mas também de fazer com que elas tenham voz na operação, elas são incluídas no processo”, explica Carolina Batista, Diretora Jurídico da Yamana Gold.
Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, ações que incentivem a diversidade e uma maior inserção feminina são essenciais e devem ser incentivadas cada vez mais. “É preciso ‘quebrar’ essa cultura e de que mineração é lugar apenas de homem. As mulheres podem e devem estar onde quiserem e precisamos estimular e dar oportunidade e estrutura para que isso aconteça em todas as etapas da mineração. Seja na pesquisa, no operacional, e também é claro, nos cargos de liderança. Lutamos para que nossos netos e netas, no futuro, vivam em um mundo mais justo e com oportunidades semelhantes para todos, seja ele homem ou mulher”.
Ações em prol da diversidade
Para acompanhar os avanços, ter conhecimento de tudo o que representa a atenção, o envolvimento, desde a alta administração das empresas até os empregados, o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, anunciou, que a instituição estuda criar o censo da diversidade do setor mineral, entre outras ações relacionadas ao tema diversidade e inclusão (DI). Além disso, está em discussão a criação de um prêmio e de um concurso, ambos nacionais, para evidenciar as boas práticas de DI e estimular ainda mais sua adoção pela mineração do Brasil.
O presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, parabenizou o novo presidente do IBRAM, recém empossado, pelo novo cargo e também pelas ações que pretende implementar. “Espero que ele tenha uma boa gestão à frente do IBRAM, assim como o seu antecessor e fico feliz que ele esteja apoiando e incentivando o debate e ações para promover mais diversidade na mineração. Espero que outras pautas estejam relacionadas a sustentabilidade e inovação estejam presentes nesta gestão, para que a mineração do futuro seja ainda mais destacada”.