O tempo de pandemia tem sido desafiador em diversas frentes para o setor mineral. Na área ambiental, não é diferente. Empresas tiveram que readequar as atividades, fazendo o revezamento das equipes, para garantir a saúde dos colaboradores e, ao mesmo tempo, atender às condicionantes dos órgãos ambientais, fazendo a recuperação de áreas mineradas. No Oeste do Pará, ações realizadas pela Mineração Rio do Norte (MRN) e pela Alcoa, ambas produtoras de bauxita, tem contribuído para proteção do meio ambiente e geração de renda nas comunidades.
No distrito de Porto Trombetas, no município de Oriximiná, a Mineração Rio do Norte mantém um viveiro florestal de um hectare, com capacidade de receber 1 milhão de mudas, abrigando 80 espécies nativas, entre elas castanha-do-pará, cumaru e cedro. O espaço recebe as espécies, que passam por diversas etapas até serem plantadas nas áreas. Quando chegam ao viveiro, as sementes passam pela triagem e são colocadas em sementeiras para que serem cultivadas. Às fases seguintes, as espécies seguem para espaço com tela mais fechada, onde passam por um processo de adaptação e, conforme o desenvolvimento, são colocadas em áreas mais abertas para usufruírem de toda luz que necessitam por um período de seis meses, quando são plantadas em definitivo nas áreas mineradas.
Todo esse trabalho é conduzido com o apoio da Cooperboa, cooperativa que reúne cerca de 70 comunitários, que já possuem grande experiência em suas comunidades com o plantio de várias culturas e flora da região. Ao mesmo tempo que contribuem com a restauração florestal, eles têm oportunidade de renda para suas famílias. Em 2019, a MRN comprou dos comunitários mais de 5 toneladas de sementes e produziu cerca de 700 mil mudas, que estão sendo utilizadas no reflorestamento das minas Monte Branco, Bela Cruz e Aramã. “Vemos o sucesso das áreas que trabalhamos, como espécies de castanheiras plantadas, frutificando. Nosso monitoramento também já mostra o retorno da fauna, com presença de primatas nesses ambientes. Há vários indicadores, na realidade, que nos mostram áreas que já estão com características da floresta original, o que nos sinaliza que estamos no caminho certo”, avalia Jocenildo Marinho, analista ambiental da MRN.
Parceria com a comunidade
Em Juruti, a comunidade é a principal parceira da Alcoa no reflorestamento das áreas mineradas, aplicando uma metodologia inovadora. A empresa executa uma restauração ambiental sistêmica para reabilitar as áreas de forma mais próxima possível da sua condição original, como explica Susiele Tavares, engenheira florestal responsável pelo Programa de Reabilitação de Áreas Mineradas da Alcoa Juruti. “O monitoramento é realizado anualmente em parcelas permanentes instaladas nas áreas, onde são avaliados os indicadores bióticos e abióticos, como regeneração natural, cobertura vegetal, taxa de sobrevivência das mudas, compactação do solo e retorno da fauna”, afirma a engenheira florestal.
A aliança entre empresa e comunidade deu tão certo que o modelo de reabilitação de Juruti vem sendo uma referência no setor, seja quanto à efetividade ambiental da reabilitação, seja sobre o valor do legado social junto à comunidade.
A iniciativa tem gerado emprego, renda, transferência de tecnologia e educação ambiental através dos programas de Educação Ambiental e de Apoio a Produção Familiar. “Desde o início do processo de recuperação das áreas mineradas, a Alcoa possui um contrato de produção de mudas com as comunidades do entorno do platô onde a empresa opera. Além disso, a partir de 2016, o plantio dessas mudas nas áreas mineradas passou a ser realizado por essas comunidades que produzem as mudas com o nosso apoio”, conta Susiele, que acredita que esta parceria é essencial para os resultados do programa, que atualmente conta com 267 mil mudas nativas plantadas em 720 hectares que estão em processo de recuperação.
Na Alcoa Juruti, o reflorestamento tem, portanto, o protagonismo dos moradores da região q e se tornam multiplicadores da técnica em outras áreas além da mineração.
Fonte: Portal da Mineração