Minas inundadas
Apesar de ter sua imagem manchada por tragédias recentes, juntamente com a agricultura, a mineração é imprescindível para qualquer sociedade – volte para a idade da pedra e você ainda precisará comer e ter uma mina para extrair suas pedras.
Mas barragens malcuidadas não são a única preocupação deste setor: Depois de séculos de atividade mineral, nem sempre com as melhores tecnologias, centenas de minas ao redor do mundo estão simplesmente abandonadas, cheias de água.
Ocorre que, embora consideradas exauridas pela tecnologia usada para explorá-las no passado, essas antigas minas têm reservas enormes de recursos não explorados.
Importante lembrar, sempre que uma mina chega ao fim de sua vida útil, outra mina deve ser aberta para suprir a demanda. E, como novos recursos minerais estão de 500 a 1.000 metros de profundidade no solo, extraí-los representará um aumento de custo que fatalmente se refletirá no preço dos metais.
Assim, reativar essas minas inundadas e retirar o restante da sua riqueza não apenas evitaria impactos ambientais em novas áreas, como resolveria um legado ambiental deixado pela mineração.
Mineração subaquática
Este é o objetivo do projeto VAMOS, financiado pela União Europeia – VAMOS é a sigla em inglês para Sistema Operacional Alternativo de Mina Viável.
Para não precisar drenar as enormes quantidades de água que preenchem as cavas das minas abandonadas, a equipe criou um sistema de mineração subaquática que vai buscar o minério no fundo da lagoa.
A tecnologia inclui um veículo de mineração subaquática controlado remotamente capaz de cortar pedras em fragmentos de 50 mm. Equipado com um sistema de espectroscopia a laser, o veículo pode classificar o minério em tempo real, reduzindo a quantidade de rocha extraída.
O veículo é lançado e recuperado da água usando um barco. O material extraído é bombeado até o barco na superfície e daí enviado através de um sistema de tubulação flutuante para uma instalação de desaguamento para posterior processamento, enquanto o excesso de água é retornado para o poço da mina.
Mineração robótica
Ao tornar possível a extração subaquática de minério, o sistema de mineração robótico pode abrir o caminho para a reabertura de minas a céu aberto abandonadas e inundadas.
A tecnologia também tem potencial para estender a vida útil das minas a céu aberto com altas taxas de decapagem, onde grandes quantidades de rocha residual precisam ser removidas para obter uma determinada quantidade de minério. Além disso, a técnica pode permitir a abertura de novas minas com um menor impacto ambiental e testar uma tecnologia que, mais cedo ou mais tarde, será necessária para a mineração no fundo do mar.
“O processo é não-tripulado, por isso é muito mais seguro. E como não há ruído de explosivos nem vibrações, e você não está demolindo grandes áreas de rocha para obter uma pequena quantidade de minério, ele tem uma pegada ambiental muito menor do que a mineração convencional,” disse Jenny Rainbird, coordenadora do projeto em entrevista ao site “The Engineer”.
O sistema de mineração robótica já foi testado em uma mina de caulim a céu aberto que não está mais em uso, em Lee Moor, no Reino Unido, e em uma mina de barita em Magcobar, na Irlanda. O caulim é extraído de um mineral terroso, essencialmente um barro, enquanto a barita é extraída de rochas duras, o que serviu para validar o sistema com minérios muito diferentes.
O objetivo agora é atrair o interesse das empresas proprietárias das áreas de mineração abandonadas.
Fonte: Inovação Tecnológica