Giorgio de Tomi destaca a importância das pequenas e médias minerações, pois é dali que vai sair grande parte desses minerais fundamentais para a sociedade
Segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), durante o primeiro trimestre de 2021 o setor na região Norte do Brasil cresceu 15% em volume de produção: 270 milhões de toneladas e 95% de faturamento, equivalente a R$ 70 bilhões. Esse crescimento se deu principalmente nas minerações de pequeno e de médio porte.
“Temos uma situação em que existe uma demanda crescente de bens minerais no mundo inteiro e com restrições ambientais e dificuldades de operação da mineração de maneira geral”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Giorgio de Tomi, do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica da USP. De acordo com o professor, há uma escassez de suprimento de matérias-primas minerais, em que se buscam alternativas que conciliem o atendimento da demanda desses suprimentos a uma visão de sustentabilidade e a uma operação responsável.
Segundo Tomi, em termos numéricos, os títulos minerais, uma autorização do governo federal para o aproveitamento do minério extraído, são compostos 2% pelas grandes minerações, 11% pelas médias e 87% pelas micros e pequenas minerações. Essa proporção não é a mesma para o volume de produção de títulos minerais, mas, em termos de títulos minerais é muito significativo. O professor destaca nesse ponto a necessidade de regulamentações que permitam o desenvolvimento sustentável das minerações de pequeno e de médio porte que a sociedade demanda.
O crescimento das minerações desse porte, no Brasil, ocorre principalmente na região Norte. O professor destaca a importância desse tipo de mineração, pois é dali que vai sair grande parte desses minerais fundamentais para a sociedade. A ANM publicou esta semana uma nova resolução, listando os minerais estratégicos do Brasil. Trata-se de minerais que são escassos, com grande taxa de importação ou com alta aplicação em produtos e processos de alta tecnologia. Para Tomi, esse movimento serve para encorajar as empresas a desenvolverem empreendimentos nessa área, mas também é uma articulação dos órgãos reguladores para viabilizar esse tipo de operação.
Na visão do especialista, o principal desafio das pequenas e médias minerações é a adaptação para atender às demandas dos órgãos e da sociedade de forma efetiva. Esse é um movimento que vem acontecendo na mineração, de modo geral, e, agora, há uma pressão muito grande sobre a média e a pequena mineração nesse sentido. Isoladamente, esses setores da mineração possuem dificuldade em incorporar esses Objetivos de Desenvolvimento Sustentável por conta dos recursos necessários para a sua implementação. Nesse ponto, Tomi ressalta a importância do trabalho em parceria do cooperativismo nesses tipos de mineração, para se organizar e conseguir fazer frente às demandas da sociedade. “Esse é o grande desafio do futuro da média e da pequena mineração”, conclui o professor.
Fonte: Jornal da USP