domingo, 22 de dezembro de 2024
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    Mineração 4.0: Exemplo mineiro de inovação no setor mineral é alvo da Bahia

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    A união faz a força, diz o velho ditado. E, quando acontece entre concorrentes, gera benefícios para todos. Uma outra máxima popular, derivada de uma lei da Física, é a de que na vida nada se cria, tudo se copia. E é nessa lógica que empresas de mineração instaladas aqui na Bahia se miram numa iniciativa mundialmente inovadora no setor, que nasceu em Minas Gerais: a criação de um hub para desenvolver soluções  a problemas comuns em empresas concorrentes.

    O alvo da “cópia do bem” é o Mining Hub, criado há pouco mais de seis meses no estado vizinho e já vem chamando a atenção de gente que trabalha no setor mineral em todo o mundo. A ideia, que já atraiu 23 mineradoras, entre elas a baiana Bamin, 20 fornecedores de produtos e serviços, além de 21 startups, se baseia na busca de soluções para os cinco grandes desafios operacionais da mineração mundial: segurança operacional e ocupacional, gestão da água, gestão de resíduos e de rejeitos, eficiência operacional e fontes de energia alternativas.

    Assuntos como remoção de impurezas de minérios dividem espaços com discussões sobre o aumento da eficiência energética das minas, discussões sobre o comportamento interno em áreas de barragens, análises de indicadores de desenvolvimento social e a promoção do empreendedorismo local. Novidades em processos nas áreas de recursos humanos, comunicação ou suprimentos voltadas para a atividade de mineração.

    Necessidade do hub
    Gustavo Roque, um dos criadores do Mining Hub, conta que a consciência em relação à necessidade do hub surgiu em meados do ano passado, a partir das demandas da Ferrous, uma das empresas que atuam no setor. Em meados do ano passado, a empresa vinha discutindo oportunidades de desenvolvimento de soluções para problemas conjuntos. A partir daí, iniciaram-se conversas com diversas empresas do setor.

    Além disso, um estudo anual apresentado pela consultoria Delloite, o Track and Trace, apresentou os dez desafios da mineração. “Destes, cinco eram desafios operacionais”, lembra Roque.

    “Quando a gente pegou esse relatório, começamos a bater nas portas de mineradoras, para saber se havia interesse em desenvolver soluções compartilhadas para esses problemas, de maneira colaborativa”, conta. Cinco mineradoras toparam e uma delas sugeriu o ingresso do Instituto Brasiileiro da Mineração (Ibram). O ingresso
    da entidade representativa atraiu mais empresas para a participação no projeto.

    Para um projeto sem paralelo no mundo, um modelo diferente de escritório foi pensado, lembra Roque. Um acordo com a WeWork, que é o maior espaço de coworking do mundo, ajudou a turma a fugir do formato tradicional de escritório. “Nós começamos a bater nas portas de outras mineradoras, para poder apresentar uma proposta para atrair empreendedores, universidades, pesquisadores, para desenvolver soluções para esses desafios”, lembra.

    Aí foi a hora de definir o formato do hub. Ficou acertado que o foco seria o trabalho em inovação, tanto aquela em que se busca a melhoria de processos, quanto a que busca melhorias ou a implantação de novas tecnologias. Segundo Gustavo Roque, um aspecto importante foi a constatação de que havia uma necessidade de “mudança de cultura”. “Nós entendemos que era necessária uma alteração no comportamento, uma mudança na maneira como nos apresentamos à sociedade, junto às novas gerações, que hoje não veem uma oportunidade de trabalho e de emprego atrativa na mineração”, explica o diretor do Mining Hub.

    Ambiente de trabalho
    Para reunir empresas que muitas vezes disputam os mesmos mercados foi definido que o ambiente precisa ser  colaborativo, não competitivo e receptivo.

    “Qualquer tipo de indústria precisa estar sempre investindo em inovação. A mineração já investia antes. O que é inovador, não apenas aqui no Brasil, mas mundialmente, é o fato de você ter a união do setor”, destaca Paulo Henrique Soares, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

    Trata-se do primeiro hub setorial do mundo, onde concorrentes se unem para desenvolver soluções comuns para desafios comuns. A iniciativa já despertou interesses de representantes dos setores de óleo e gás, saúde, financeiro e de turismo, para entender como se chegou a uma solução capaz de integrar interesses de empresas concorrentes.

    Aqui na Bahia
    O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, acredita que a aplicação da ideia aqui no estado deverá trazer frutos positivos para o setor. “O mundo está cada vez mais tecnológico e existe uma demanda por tecnologia na mineração também. Minas Gerais montou o primeiro, e nós queremos aprender com a experiência deles. O hub é uma aposta no futuro da mineração aqui na Bahia”, destaca Tramm.

    Segundo o presidente da CBPM, a criação do hub dependerá apenas do interesse da iniciativa privada. “Estamos conversando com os interessados porque acreditamos que o investimento em inovação é fundamental para o setor. Vamos dar todo o apoio que nós pudermos dar para que este projeto saia do papel”, destaca.

    O gerente executivo de Tecnologia e Inovação do Senai Cimatec, Flávio Marinho, destaca que o principal conceito do projeto aqui na Bahia passa pelo grande potencial que o estado tem para a atividade da mineração. “A ideia de aproximar os atores da atividade, para desenvolver um processo de inovação colaborativo tem tudo para impulsionar o potencial que a Bahia tem”, disse.

    Ele acredita que os projetos do tipo demonstram o grau de maturidade das empresas que atuam no setor. “Nós podemos frisar no fato de que as empresas são concorrentes, ou nos interesses que elas têm em resolver problemas que são comuns a elas”, acredita Flávio Marinho.

    Para o gerente executivo de Tecnologia e Inovação do Senai Cimatec, o caminho não é “oferecer uma cartilha sobre o assunto, mas assegurar o engajamento das empresas para contar com a cooperação entre elas. Elas entendem que não conseguem resolver tudo sozinhas”.

    Hub é aposta da Bamin para ação inovadora
    Única empresa baiana a participar do Mining Hub, Minas Gerais, a Bahia Mineração (Bamin), aposta na iniciativa para iniciar suas operações com os melhores processos disponíveis no mercado.

    “Nós somos a única empresa integrante do Mining Hub que ainda está em fase de projeto. Isso nos permite já iniciar a nossa operação num futuro próximo adotando as melhores práticas disponíveis”, avalia a responsável na Bamin pelo Mining Hub, Cristina Ho. “A oportunidade que nós estamos tende de participar de um clube como este, nos permite entrar no mercado da melhor maneira possível e com um impacto positivo em nossa operação” acredita.

    Ela acredita que a criação do hub, no início deste ano, aconteceu no melhor momento possível. “Existe uma preocupação enorme das empresas do setor em adotar uma nova forma de atuação, de revisitar práticas que eram adotadas antes e adequa-las aos interesses da sociedade”, destaca Cristina.

    Tido como um setor de atuação mais tradicional, o contato com o pensamento mais moderno de startups e de universidades parceiras é considerado positivo. “Nós temos a oportunidade de estudar profundamente nossos processos e pensar em novas tecnologias, ao mesmo tempo em que pensamos no espaço que a mulher tem nessa indústria”, exemplifica Cristina Ho.

    Entre as iniciativas do Mining Hub, ela destaca o braço social do programa, do qual a Bamin é uma das empresas participantes. “Nós sempre tivemos um interesse enorme no impacto social da nossa atuação. Com a possibilidade de discutir esses processos com outras empresas, acreditamos que podemos melhorar muita coisa”, destaca Cristina Ho.

    Evento recebe grandes de peso no setor
    Alguns dos nomes mais importantes da mineração brasileira estarão reunidos na Bahia na Bahia no próximo dia 14 para discutir os investimentos em inovação e os caminhos para uma atuação mais sustentável no setor. O evento promovido pelo CORREIO e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) vai colocar a discussão a criação de um hub com empresas do setor para o fomento de boas práticas empresariais.

    Integrantes do poder público, iniciativa privada e academia vão discutir das 09h às 17h caminhos para o desenvolvimento da atividade no país.

    Estão confirmados no evento, que será realizado no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB),  Alexandre Vidigal,  secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME) e Victor Hugo Froner Bicca, diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM).

    Na iniciativa privada, o presidente da Largo Resources no Brasil, Paulo Misk, é presença confirmada, para falar sobre a Vanádio de Maracás.  Gustavo Roque, coordenador do Mining Hub, em Minas Gerais, é outra presença certa. Rinaldo Mancin, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) também estará presente. A entidade é a responsável pela representação nacional da atividade. Os organizadores do evento ainda pretendem anunciar outros nomes de peso.

    Fonte: Jornal CORREIO.

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