O desempenho da indústria da mineração no terceiro trimestre aponta para a melhoria em diversos indicadores, como exportação, faturamento, recolhimento de royalties e tributos, redução das importações, geração de empregos, entre outros. As perspectivas positivas influenciam também nos investimentos no setor mineral brasileiro de 2020 a 2024, cujas projeções aumentaram recentemente de US$ 32,5 bilhões para mais de US$ 37 bilhões.
Minas Gerais, historicamente o maior produtor mineral e o maior recolhedor de tributos do segmento no País, lidera o volume de aportes, devendo atrair US$ 12,5 bilhões, ou o equivalente a 34% do total, em projetos de ferro, fertilizantes, ouro, bauxita, lítio, nióbio, quartzo e calcário. Logo atrás aparecem Bahia, com US$ 10,5 bilhões (28%), e Pará, com US$ 8,6 bilhões (23%).
Ainda assim, na avaliação do diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Flávio Ottoni Penido, e do presidente do conselho diretor do Instituto, Wilson Brumer, nem mesmo o grande volume de aportes será capaz de fazer com que Minas Gerais retome o protagonismo da indústria da mineração nacional, em termos de produção. É que, nos últimos anos, o Pará tem liderado os volumes, especialmente, no que diz respeito ao minério de ferro.
“Novas fronteiras de mineração estão se abrindo no País e a disputa, no curto e médio prazos, permanecerá entre Pará e Minas Gerais. Mas no período mais longo, vejo o Pará com enorme potencial de se consolidar como principal produtor brasileiro”, afirmou Brumer em entrevista coletiva on-line.
Ainda conforme o presidente do conselho diretor do Ibram, as projeções de investimentos para Minas Gerais incluem os projetos de recuperação de barragens de rejeitos. Quando considerado apenas novos empreendimentos ou expansões, o montante do Estado deverá somar algo em torno de US$ 10 bilhões.
“Volume parecido com o da Bahia e próximo ao do Pará. Assim, Minas pode recuperar alguma representatividade, mas o País caminha para ter três grandes produtores de minerais: Pará, Minas Gerais e Bahia”, ressaltou.
Pesquisas – De maneira complementar, o diretor-presidente do Instituto lembrou que o estado do Pará é muito pouco conhecido em termos de pesquisa geológica e possui o dobro da área de Minas Gerais. Por isso, para ele, nos próximos anos, ainda poderá haver alguma oscilação entre as unidades federativas quanto à liderança na produção do setor. Mas, à medida que as pesquisas geológicas avançarem na região, novos projetos deverão surgir.
“Aí este se tornará o grande produtor mineral do País. Nota-se ainda que, grande parte do território está na região amazônica, que ainda não é passível de se minerar”, destacou.
FATURAMENTO ATINGE R$ 19,1 BI NO 3º TRIMESTRE
Os dados do terceiro trimestre apresentados pelo Ibram confirmam a perda de liderança no setor por Minas Gerais. Em termos de faturamento, Minas somou R$ 19,1 bilhões, o equivalente a 38% do total nacional, que chegou a R$ 50,7 bilhões no mesmo período. Já o Pará somou R$ 21,5 bilhões, ou seja, 43% do montante brasileiro.
Já o recolhimento de tributos apresentou crescimento de 28% em relação ao trimestre anterior, chegando a mais de R$ 17 bilhões, sendo R$ 1,44 bilhão em royalties (Cfem) e mais de R$ 16 bilhões em impostos, taxas e outros. No acumulado do ano, o setor recolheu R$ 43,46 bilhões em tributos. Em todo o ano de 2019, o total foi de R$ 52,94 bilhões.
Além disso, no período de julho a setembro de 2020, mais uma vez, o Pará apresentou o maior percentual de recolhimento da Cfem, 47,4%, seguido por Minas Gerais, 40,5%, Goiás (2,4%) e Bahia (2%).
Sobre os números em âmbito nacional, os representantes do Ibram explicaram que, no último trimestre, a valorização cambial e também os preços das commodities minerais impulsionaram o faturamento da indústria mineral. Já a produção foi estimada em aproximadamente 287 milhões de toneladas no terceiro trimestre de 2020, ficando acima da registrada no segundo trimestre (210 milhões de toneladas) e também superior ao terceiro trimestre de 2019 (280 milhões de toneladas).
O diretor-presidente do Ibram, Flávio Ottoni Penido, destacou que, no acumulado do ano até setembro, a indústria da mineração brasileira faturou R$ 126 bilhões e que o resultado de todo o ano de 2019 foi R$ 153 bilhões, levando a indicação de que os números do exercício tendem a superar os do ano anterior.
“A perspectiva para os próximos trimestres é manter a curva ascendente nesses indicadores, desde, é claro, que a pandemia ou outros fatores não interfiram no desempenho industrial, no Brasil e nos mercados compradores de minérios”, estimou.
Produtos – Segundo o Ibram, o minério de ferro respondeu por cerca de 63% do faturamento no terceiro trimestre, com R$ 32 bilhões, seguido pelo ouro (13%, ou R$ 6,6 bilhões); cobre (6%, ou R$ 3,2 bilhões), calcário dolomítico (3%, ou R$ 1,4 bilhão); e bauxita (2%, ou R$ 1,1 bilhão); entre outros.
No terceiro trimestre de 2020 as maiores evoluções do faturamento em reais em relação ao segundo trimestre foram as do calcário dolomítico (54%); minério de ferro (37%); ouro e fosfato (22%, cada); cobre (6%). Já o faturamento da bauxita declinou em 17%. (MB, com informações da Reuters)
Por Mara Bianchetti