Os analistas continuam otimistas com a situação da Vale para este segundo semestre, mesmo com as quedas recentes do minério de ferro. Depois de bater o patamar de US$ 120 a tonelada na China em julho, no decorrer de agosto o insumo recuou para a casa dos US$ 80, principalmente por conta da tensão comercial entre Estados Unidos e China.
Mesmo assim, os profissionais do mercado financeiro afirmam que a situação ainda é favorável, se considerado o cenário em 2018, e também a perspectiva de normalização das operações da Vale após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG).
Pedro Galdi, da Mirae Asset, lembra que o desastre em Brumadinho retirou 30 milhões de toneladas da produção de minério da Vale, e contribuiu para a rápida valorização nos mercados internacionais. Além disso, problemas climáticos na Austrália também tiveram relevância nesse cenário.
“A partir de julho, quando atingiu o pico de US$ 122, o preço do minério foi mostrando redução gradativa, que se ampliou recentemente com a piora de expectativas sobre desaceleração da economia mundial, guerra comercial, retomada de produção de algumas minas da Vale, Austrália retomando a produção e fluxo de exportação para a China”, explica o analista.
Mesmo com a redução da demanda mundial e o aumento dos níveis de estoque pela China, Galdi acredita que o preço do minério continue girando entre US$ 80 e US$ 90 a tonelada neste segundo semestre e ao longo de 2020. “Então o resultado das mineradoras continuará sendo favorecido pelo momento de bons preços. Seguimos otimistas com os resultados da Vale e CSN”.
A analista da Coinvalores, Sabrina Cassiano, tem opinião parecida sobre o cenário atual. Ela lembra que o minério de ferro estava próximo de US$ 70 ao final de 2018, e por isso, o preço atual ainda é atrativo para a Vale. Ela projeta ainda a retomada gradual da produção pela mineradora e a melhora no desempenho no SD11, com maior participação de minério premium nas vendas totais.
“Os custos, impactados pela tragédia de Brumadinho, também devem ir se normalizando ao longo dos próximos resultados. A geração de caixa vai continuar consistente e entre os destaques do balanço da Vale”, destaca a analista. A Coinvalores tem recomendação de compra para a ação da mineradora.
André Ferreira, analista da MyCap, tem uma visão mais cautelosa sobre a situação da Vale. Ele afirma que a tendência é que a oferta de minério de ferro fique cada vez maior em relação à demanda, elevando os estoques. “Nesse contexto, as empresas mineradoras são obrigadas a reavaliar os seus níveis de produção e preços. O contrato do minério na Dalian Commodity Exchange tem tido fortes quedas, chegando a patamares menores do que o visto antes da brusca redução da oferta ocasionada por conta de Brumadinho”, explica o analista.
Para ele, a Vale terá dificuldades para atingir suas expectativas para o terceiro trimestre, e deve mudar as perspectivas para o restante do ano, principalmente se houver um acirramento do conflito comercial entre EUA e China, e da desaceleração da economia mundial.
Fonte: Estadão