A produção de agregados minerais, que já chegou ao patamar de 745 milhões de toneladas em 2013, sofreu uma forte retração, com queda nos últimos seis anos. Agora, o setor está em rota de retomada segundo a Associação Nacional das Entidades de Produção de Agregados para Construção Civil (Anepac): a previsão para 2019 indica uma produção de 514 milhões de toneladas até o fim do ano. Para atravessar a crise, alguns produtores de areia e brita se reinventaram, inclusive com a entrada no segmento aquecido dos minerais para a agroindústria. Quatro deles se apresentaram no Seminário de Agregados, organizado pela Metso e pela Anepac em São Paulo na última terça-feira (22/10).
O primeiro deles é a Itaquareia, um dos maiores produtores do estado de São Paulo, que explora a areia em cava. O desafio da mineradora era beneficiar o grande estoque de pedrisco e areia grossa acumulados em seu processo. A solução encontrada foi adotar o britador de rolos HRC 800, da Metso. A empresa já tinha outro equipamento da mesma família, o HRC 8, portanto estava familiarizada com a tecnologia. Com o novo HRC 800, a Itaquareia aumentou sua produção em 30%, melhorando o formato do grão. Além do mercado tradicional de concreteiras – que trabalha com areias finas – a mineradora ingressou no nicho de areias especiais usadas em filtros, diversificando sua atuação. As modificações também incluíram um design mais compacto no processamento e o uso de transportadores de correias em substituição aos caminhões dentro da cava.
Na Calwer Mineração, de Santa Catarina, a mudança também envolveu um equipamento da Metso: o britador MX3, aliás um dos primeiros no mundo a ser comercializado. A máquina substituiu um britador do tipo VSI, com produção de 30 t/h de areia industrial, mas com alta demanda de energia e uso de água no processo, embora entregasse uma areia com a cubicidade aprovada pelo mercado. A substituição dobrou a produção para 60 t/h, sem o aumento da potencia instalada. Ao mesmo tempo em que manteve a cubicidade da areia, o MX3 eliminou a necessidade do uso de água e ampliou o tempo de troca dos materiais de desgaste e da própria manutenção. A economia de 10 horas diárias – hoje o equipamento não precisa operar 24 horas – paga o investimento no britador, comprovando o retorno do investimento da tecnologia.
Agronegócios é a nova fronteira – ou fronteira mais ampla – para agregados
O pioneirismo também marca o Grupo Fortaleza, de Goiás, cuja unidade de Mineiros, da sua subsidiária Britaminas, é a primeira totalmente dedicada à produção de remineralizadores de solo, ou seja, minerais processados para uso na agroindústria, complementando os fertilizantes. Diferentemente de outras pedreiras, a Britaminas projetou a unidade para o fornecimento de remineralizadores como produtos principais e não subprodutos de uma planta de britagem convencional. Em vez de adotar um moinho de martelos para processar o basalto da unidade de Mineiros, a mineradora optou pelo HRC 8, também utilizado pela Itaquareia. O equipamento permitiu que a produção da planta atendesse a granulometria exigidas nas normas que especificam a remineralização. Com a mesma potência de 200 HP de um moinho de martelos, a Britaminas consegue produzir 30 vezes mais.
Mais atuante no agronegócios, o Grupo Emal, do Mato Grosso, também investiu em tecnologia para otimizar sua planta de produção de calcário agrícola de Itaipu, uma das quatros da empresa. O desafio da mineradora era resolver o gargalo da etapa final de moagem, que é antecedida por duas fases de britagem – primária e secundária. Desde ano passado, a mineradora adotou o moinho C120, da Metso, como parte das mudanças da linha de produção da unidade de Itaipu e obteve um aumento de produtividade de 14,8%. O incremento deve reforçar o posicionamento do grupo, que produz cerca de 20% do calcário agrícola consumido no estado do Centro-Oeste.
Além dos exemplos reais de produtores de areia e brita, o Seminário de Agregados trouxe a experiência de três empresários do setor, no debate que encerrou o evento. Pedro Reginato, presidente da Concresul e da Agabrita/Sindibrita do Rio Grande do Sul, Antero Saraiva Júnior, presidente do Grupo Itaquareia e do Sindibrita de São Paulo, e Luís Eulálio Moraes Terra, presidente da Embu, confirmaram a tendência de retomada da construção civil e a presença de um ambiente de pró-negócios no país, puxado principalmente pela atuação do Ministério da Infraestrutura.
“O Seminário foi importante para mostrar que o futuro já chegou ao setor de agregados minerais e poderá envolver, paulatinamente, vários tipos de inovações tecnológicas e de processo”, avalia Everson Cremonese, diretor de Agregados da Metso. Segundo ele, o uso de recursos como automação em britadores e monitoramento da granulometria via análise de imagens em tempo real já são realidade. Outra novidade mundial é a adoção de plantas modulares e em contêiner. “Independente da tecnologia, é fundamental entender a demanda do setor e o evento fortaleceu o diálogo da Metso com os produtores de agregados”, finaliza.
Fonte: SEGS – Portal Nacional de Seguros