Fonte: Notícias de Mineração Brasil
O superintendente da Agência Nacional de Mineração (ANM), o antigo DNPM, Thiago Regis da Justa Ribeiro, foi um dos três servidores do órgão que foi preso pela Polícia Federal do Amapá, na quinta-feira (15). Ribeiro foi exonerado no dia seguinte.
O servidor, nomeado no dia 9 de novembro, permaneceu pouco mais de três meses no cargo e foi substituído no dia 16 de fevereiro por George Morais de Souza, um funcionário de carreira, segundo informa a assessoria de comunicação da ANM ao Notícias de Mineração Brasil (NMB).
Ribeiro é sobrinho do ex-deputado federal Antônio da Justa Feijão, que também já foi superintendente do DNPM, apontado pela que, segundo a PF e pelo Ministério Público Federal (MPF), seria um dos chefes da organização que explorava ouro ilegalmente no interior do Estado, e comandaria um escritório de propinas dentro da agência.
O ex-parlamentar, que é geólogo e presta consultoria, foi superintendente do DNPM de 2012 a 2014. De acordo com as investigações, ele teria influenciado a nomeação daqueles que o sucederam, além de atuar num suposto esquema de propinas dentro da agência, que é encarregada de autorizar e fiscalizar a atividade minerária.
De acordo com cadastro mineiro, Feijão é o responsável técnico em quase 90 processos minerários, todos no Amapá e no Pará, em especial para uma empresa chamada Amazon Global Consult, que conta com 16 processos.
Feijão está com a prisão preventiva decretada e foi conduzido para o Iapen, em Macapá. A defesa do ex-deputado federal diz que não há provas materiais contra ele. “São evasivas [as provas]. Não tem materialidade fundamentada contra ele. Todos sabem que ele é ligado à área minerária e é muito respeitado como autoridade nesse assunto”, afirmou o advogado Maurício Pereira, de acordo com o jornalista Seles Nafes, que mantém o website Sempre Conectado.
Sobre as interceptações telefônicas que, segundo a PF colocam Feijão como um dos chefes da organização, Maurício Pereira diz haver um equívoco.
“É uma ilação feita sobre uma conversa interceptada entre o Romero [Peixoto, ex-superintendente do DNPM] e um diretor da Coogal. É uma justificativa dada pelo Romero que foi substituído, foi um comentário com ranço e ódio. Esse diretor tem com o Feijão uma animosidade”, afirmou o advogado segundo o website.
As operações Minamata” e Estrada Real investigam exploração de ouro nos municípios de Tartarugalzinho e Calçoene. Neste último, os crimes são de usurpação de bem mineral da União, crimes ambientais, trabalho escravo e corrupção entre servidores da ANM e diretores da Cooperativa de Garimpeiros do Lourenço (Coogal).
Em novembro de 2017, foram presos o promotor aposentado do MP, Moisés Rivaldo; o ex-prefeito de Oiapoque, Miguel Caetano; o vereador Piaba (Calçoene); o ex-superintendente do DNPM, Romero Peixoto, entre outros.
Thiago Justa e Antônio Justa foram presos como parte da operação Garimpeiros da Propina. A ação incluiu desdobramentos de operações anteriores, a 2ª fase da Minamata e a 3ª fase da Estrada Real.