A falta de mão de obra qualificada está a tornar-se um problema crescente para o setor da mineração da Austrália Ocidental, com as fronteiras internacionais do país fechadas e com as restrições para viagens interestaduais devido ao aumento de casos de covid-19, que limitam o fluxo de trabalhadores.
Pressões de custos cada vez maiores sinalizam um desafio para a rentabilidade futura das maiores produtoras de minério de ferro do mundo, mesmo que apresentem retornos recordes por conta da demanda crescente de siderúrgicas chinesas.
A Fortescue Metals exportou um volume recorde de minério de ferro no trimestre encerrado em junho, aproveitando os preços em máximas históricas. Mas o grupo também divulgou aumento de 2% dos custos operacionais devido à inflação e medidas de proteção contra a Covid-19, e já alertou que seu projeto-chave Iron Bridge pode custar quase US$ 1 bilhão a mais do que a estimativa original.
A falta de mão de obra qualificada se torna um problema crescente para o setor de mineração da Austrália Ocidental com as fronteiras internacionais do país fechadas, bem como restrições para viagens interestaduais devido ao aumento de casos de Covid-19, que limitam o fluxo de trabalhadores. A indústria enfrenta “uma guerra de lances” pelos melhores talentos, segundo pesquisa da Câmara de Comércio e Indústria da Austrália Ocidental no início da semana, e 81% dos entrevistados disseram suas ofertas foram cobertas por rivais em busca por novas contratações.
A Fortescue vê uma “escalada salarial” para uma série de categorias profissionais, como eletricistas, engenheiros e geólogos, disse a diretora-presidente da mineradora, Elizabeth Gaines, em teleconferência com jornalistas. O investimento da empresa em veículos autônomos tem oferecido certa proteção contra essas pressões salariais, disse. “Temos uma frota amplamente autônoma; não temos a mesma exposição que outros de nosso setor à falta de caminhoneiros experientes.”
Lucro2
A Vale também sinalizou que o lucro recorde foi parcialmente neutralizado por despesas como compras de terceiros e custos elevados de frete. Na quarta-feira, a Rio Tinto, maior mineradora de minério de ferro, revisou para cima a previsão de custos em suas operações de minério em Pilbara em 4%, citando o aumento das despesas com mão de obra e combustíveis, bem como maior passivo para a gestão de patrimônios culturais que envolvem minas e protocolos da Covid.
“O mercado de trabalho está muito apertado, por isso, sim, vejo pressão inflacionária”, disse Jakob Stausholm, CEO da Rio Tinto, em teleconferência com a mídia. “Há muitas coisas que gostaríamos de fazer agora e temos que priorizar”, acrescentou, indicando que a duração e a extensão das pressões de preços dependerão da trajetória da pandemia e de quanto tempo as fronteiras permanecerão fechadas.
Fonte: Bloomberg