O Brasil está discutindo uma Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE), proposto pelo Projeto de Lei (PL) 2780/2024, que está em tramitação na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados. O artigo 1º do PL estabelece que a política tem a finalidade de “fomentar a pesquisa, lavra e transformação de minerais críticos e estratégicos de maneira sustentável, bem como proporcionar o desenvolvimento da indústria, distribuição, comércio e consumo dos produtos dos minerais críticos e estratégicos”.
Os minerais “críticos” e “estratégicos” são termos cuja definição está sujeita a debates contínuos, à medida que inovações tecnológicas crises globais remodelam as estruturas da cadeia de suprimentos. Segundo Julio Nery, diretor de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), “os minerais críticos são aqueles necessários para a transição energética e a economia de baixo carbono”. Um desses minerais é o lítio.
Conhecendo o lítio
O lítio, elemento químico “Li”, ocorre principalmente em rochas e minerais salinos e em rochas duras, conhecidas como pegmatitos. É um metal leve, com alto potencial eletroquímico e boa relação entre peso e capacidade energética. De acordo com estimativas do Banco Mundial, a demanda global pelo minério deve aumentar quase 1.000% até 2050, ou seja, a busca por esse mineral está em alta.
O Brasil está entre as maiores reservas do mundo. Além de ser detentor da 7ª maior reserva mundial, é o 5º maior produtor do mineral. O lítio brasileiro pode ser encontrado em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, mas apenas em Minas Gerais há minas em operação. No Vale do Jequitinhonha mineiro há três projetos que já exploram, comercializam e exportam o mineral. Ainda, segundo a Invest Minas, o número de requerimentos de pesquisa no estado mais que triplicou em apenas um ano, saltando de 500 para 1.700.
O lítio é utilizado pela medicina e pela indústria farmacêutica há mais de 100 anos para a produção de medicamentos voltados ao tratamento dos transtornos de humor bipolar. Além disso, é fundamental para a transição energética, pois a partir dele, fabrica-se baterias para carros elétricos e híbridos, as apostas da indústria automotiva na substituição de carros movidos a combustíveis fósseis e não renováveis, como gasolina e diesel.
O lítio e os carros elétricos
Quase um em cada cinco carros vendidos em 2023 era elétrico, é o que mostra o Global EV Outlook 2024, produzido pela Agência Internacional de Energia (Internacional Energy Agency – IAE). Ainda com base no relatório, o registro de carros elétricos no Brasil quase triplicou ano a ano para mais de 50.000, uma participação de mercado de 3%.
Os veículos elétricos são alimentados por uma bateria feita de lítio, em combinação com outros minerais, que irão armazenar a eletricidade utilizada pelo motor e pelos demais sistemas do automóvel. Em geral, as baterias mais comuns nos carros elétricos modernos, podem durar entre 8 e 15 anos e podem fornecer uma autonomia de até 500 km aos veículos.
Os carros elétricos geram menos gases de efeito estufa, pois não utilizam queima de combustível, como os carros tradicionais. Por essa razão, impulsionar o mercado de carros elétricos é uma aposta para a transição energética.