Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) tem estreia prevista na B3, a Bolsa paulista, para 15 de julho; Grupo Votorantim quer que subsidiária seja avaliada em ao menos R$ 8 bilhões
Conhecida por ser a “joia da coroa” do conglomerado da família Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, a octogenária Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) deverá ser a segunda empresa do grupo a estrear como uma empresa de capital aberto. O lançamento da oferta ocorreu nesta semana, e o Votorantim quer que sua subsidiária chegue à Bolsa valendo ao menos R$ 8 bilhões. A estreia de suas ações está prevista para o dia 15 de julho.
A oferta inicial de ações (IPO, pela sigla em inglês) da CBA deverá movimentar cerca de R$ 2 bilhões, sendo que cerca de R$ 900 milhões têm como destino o caixa da empresa, dinheiro prometido para financiar crescimento e aquisições. O restante se refere à venda de ações por parte do Votorantim. O faturamento anual da empresa é de R$ 5,4 bilhões. Procurada, a CBA não quis comentar.
Essa será a segunda empresa do grupo a ter capital aberto. A primeira foi a Nexa, braço de mineração do grupo. No entanto, para essa transação foram escolhidas as bolsas de Nova York e de Toronto, no Canadá, berço de empresas de mineração em todo o mundo, para a oferta, que ocorreu em 2017. Há ainda na fila a oferta do banco BV, uma sociedade com o Banco do Brasil.
Na maratona de reuniões que está sendo conduzida com potenciais investidores, o foco da conversa tem sido sobre sustentabilidade, em um momento em que o tema ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês) ganhou um olhar mais atento do mercado financeiro, muito por conta da pressão cada vez maior da sociedade.
O trunfo do CBA tem sido o “alumínio verde”, visto que sua produção utiliza energia renovável, ao contrário da China, um grande produtor mundial, que usa termoelétricas. A produção de alumínio é eletrointensiva, ou seja, precisa de muita energia elétrica.
“Existe ainda uma tendência de consumo de alumínio, como em carros elétricos e placas solares”, diz uma fonte que acompanha de perto a operação. Com essa vantagem estratégica, a empresa quer atrair os investidores que priorizam o conceito ESG. Estruturam a oferta o Bank of America, BTG Pactual, Bradesco BBI, Citi, XP e UBS BB.
‘Queridinha’ da família
A CBA foi criada em fevereiro de 1941, inicialmente para explorar as jazidas de bauxita em Poços de Caldas (MG) para beneficiamento em uma fábrica localizada na fazenda Rodovalho, em Mairinque (SP), com José Ermírio de Moraes e seu sogro. Seu filho, Antônio Ermírio de Moraes, que morreu em 2014, conduziu a CBA até 2009.
À época de sua inauguração, a produção local de alumínio estava concentrada nas mãos de gigantes internacionais. A companhia possui atualmente três unidades de exploração de bauxita, localizadas em Barro Alto (GO), Zona da Mata (MG) e Poços de Caldas (MG), com potencial para garantir a autossuficiência no suprimento do minério para a produção do alumínio por um período acima de 20 anos. Em 2020, produziu 1,7 milhão de toneladas de bauxita processada e 307 mil toneladas de alumínio fundido.
O Brasil é o 15.º produtor de alumínio primário, conforme dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).
Fonte: Terra