A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), que participou da derrubada de três mandatários entre 1997 e 2005, concordou em ter um primeiro diálogo com o governo do direitista Guillermo Lasso, informou seu representante, Leonidas Iza, à AFP, nesta sexta-feira (24).
“Confirmamos por escrito que iremos participar do diálogo com o governo nacional”, disse Iza, especificando que o Executivo, ao qual pede a suspensão da alta mensal dos preços dos combustíveis, convocou o encontro para 4 de outubro. O diálogo será o primeiro do dirigente da Conaie com Lasso, que assumiu em maio para um mandato de quatro anos.
O líder da maior organização indígena do Equador esteve presente em Unión Base, sede da Confeniae (Confederação de Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana), para comemorar os 41 anos da criação da principal organização de indígenas da Amazônia no Equador.
A Conaie, de oposição, mantém seu pedido de revogação dos decretos presidenciais de 2020 que permitem a revisão mensal dos preços dos combustíveis segundo a cotação do petróleo, que se mantém em alta.
“É impossível que os combustíveis continuem subindo”, disse Iza em discurso público, afirmando que “é o primeiro assunto a ser discutido com o governo”. O preço do galão americano (3,78 litros) de gasolina comum atingiu 2,39 dólares em setembro, um aumento de 61% em quase três anos.
Lasso avisou que não tem intenção de modificar a política que fixa o preço dos combustíveis, mas propõe direcioná-los.
Os indígenas lideraram em 2019 protestos violentos contra os aumentos – ligados a compromissos com o FMI -, que deixaram 11 mortos e obrigaram o governo de Lenín Moreno (2017-2021) a revogar a eliminação de subsídios. Além disso, rejeitam a mineração.
“Já estão explorando os minerais, queremos fortalecer a capacidade produtiva das pessoas que vivem nas áreas de mineração”, disse Iza em território amazônico.
Os indígenas representam 7,4% da população do Equador, segundo o censo de 2010, enquanto estudos antropológicos indicam que cerca de 25% dos 17,7 milhões de habitantes do país são aborígenes, segundo o líder nativo e ex-candidato à presidência Yaku Pérez.