O setor mineral apresenta perspectivas manutenção de produção e abertura para novos projetos no longo prazo e, para isso, estimular mais pesquisas geológicas e também reforçar as estruturas e quadro técnico de pessoal da Agência Nacional de Mineração (ANM) pode significar importante sinalização para que se construa um ambiente de maior atratividade de investimentos para o Brasil.
O fato é que todas as indústrias e o agronegócio só podem operar se o abastecimento dos insumos minerais estiver garantido. A pandemia é preocupante, mas se a situação não se agravar adiante e uma vez que as mineradoras têm feito a lição de casa, com rigidez na adoção e no monitoramento do cumprimento às medidas de prevenção e combate ao novo coronavírus (covid-19), a produção mineral poderá contribuir, e muito, para o Brasil vencer a atual crise.
Este posicionamento do diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Flávio Penido, foi exposto em uma live realizada na tarde desta 3ª feira (9/6), conduzida pela A3 Investimentos. O tema do evento foi “Cenário atual e perspectivas do setor mineral”. Participaram também Wilfred Theodoor Bruijin, CEO Brasil Anglo American, Hélcio Roberto Guerra, sócio-proprietário da Biz Invest e ex-CEO da Anglo American, Augusto Carsalade, Sócio Fundador da 3A Investimentos e Ana Paula Balsamão, Advisor da 3A Investimentos.
“A viabilidade das operações das mineradoras durante este período de pandemia é factível e deve ser mantida”, afirmou Flávio Penido. Ele relatou que “em primeiro lugar” entre as preocupações das mineradoras associadas ao IBRAM – responsáveis por mais de 85% da produção mineral brasileira – “está o cuidado com a saúde dos trabalhadores e terceirizados. São cuidados muito mais abrangentes do que os que acontecem nas comunidades, ou seja, nos ambientes externos, em relação à população em geral. Uma mineradora tem maior poder de controlar o ambiente de trabalho, então por meio de várias ações consegue efetivamente diminuir o risco de contaminação”, disse.
O empresário Hélcio Guerra concordou com Flávio Penido e exemplificou que a mineração, seja subterrânea ou não, é executada com equipamentos que protegem os trabalhadores – no caso da subterrânea, as máscaras já são usuais historicamente, por exemplo. “Não é um hábito novo”, afirmou.
Sobre o reforço à ANM, Flávio Penido comentou que a agência regulatória conseguiu grandes avanços em seu pouco tempo de existência (passou a operar em 2018), principalmente, em desburocratizar e modernizar processos para os mineradores. Mas faltam equipamentos, pessoal e recursos financeiros. “Há previsão em lei de destinar 7% anuais do recolhimento de CFEM (royalty da mineração) para o orçamento da ANM, mas isso não vem ocorrendo em função de contingenciamentos. O IBRAM entende esta situação e espera que isso possa se resolver logo, afinal, se o setor mineral brasileiro puder contar com uma regulação a cargo de uma agência fortalecida, isso será uma importante sinalização para os investidores”, disse.
Wilfred Bruijin, CEO Brasil Anglo American, afirmou que na pandemia os preços de alguns minérios de destaque na produção nacional, como minério de ferro e níquel, tiveram queda em um primeiro momento e agora sinalizam com recuperação. A continuidade das operações das mineradoras é importante para manutenção da oferta e também estabilização nos preços. Ele lembrou que notícias recentes sobre redução da produção contribuíram para elevação do preço do minério de ferro de cerca de US$ 80 a tonelada antes da pandemia para a casa dos US$ 100.
Fonte: Portal da Mineração