Após as tragédias ocorridas com os rompimentos das barragens da Vale e da Samarco, em Minas Gerais, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) está trabalhando para aproximar a atividade da sociedade e por maior transparência do setor. De acordo com o presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Wilson Brumer, a atividade é fundamental para a economia de Minas Gerais e do Brasil e, por isso, várias ações estão em desenvolvimento para tornar a mineração mais segura. O assunto foi discutido, ontem, na Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas).
De acordo com Brumer, é preciso que a sociedade conheça melhor a atividade mineradora e sua importância social e econômica. Para isso, é preciso melhorar a comunicação do setor, que é limitada.
“A gente tem feito um trabalho no Ibram com o objetivo de que a sociedade entenda mais o que é a mineração. Todos nós, principalmente, após os rompimentos de barragens, ficamos perplexos do que é a mineração e a importância dela. A mineração sempre foi um setor que pouco se comunicou. No nosso Estado, às vezes, a sociedade confunde o minério de ferro com a mineração. O minério é um produto importante para Minas Gerais e para o Brasil, mas a mineração não é somente este produto, estamos falando de diversos outros como o zinco, ouro, titânio, fosfato, areia e assim por diante”, explicou.
Ainda segundo Brumer, em função das tragédias que aconteceram, a imagem da mineração ficou arranhada, e o objetivo do Ibram é fazer com que a sociedade volte a acreditar na atividade e passe a atrair os jovens para atuar no setor.
“Queremos fazer com que a população volte a acreditar na mineração, que os jovens sejam atraídos para a atividade. Também queremos nos aproximar da academia, desenvolvendo novas pesquisas. Precisamos falar também em tecnologias e melhorar a comunicação. Nosso foco é trabalhar para a segurança operacional da atividade”, completou.
Para que novas tragédias não aconteçam, o setor vem trabalhando para o desenvolvimento de pesquisas e inovações que tornem o processo mais seguro e reduza os riscos. O trabalho vai envolver as empresas mineradoras e também a cadeia produtiva.
“Não podemos voltar no tempo e lamentamos profundamente tudo que aconteceu, vidas foram perdidas, problemas sociais e ambientais aconteceram, agora temos que aprender com a tragédia e trabalhar para que nunca mais aconteça. Vamos buscar novas tecnologias para uma mineração mais segura”, disse.
Diversificação – Outra iniciativa a ser desenvolvida é a maior aproximação com os municípios em que a mineração tem importante papel econômico. O objetivo é discutir novas alternativas para a geração de receita, através da diversificação das atividades.
“No Estado, em 460 dos 853 municípios, a mineração está presente de alguma forma. Precisamos olhar os municípios em relação ao desenvolvimento local, mudando o conceito de pensar no que será a economia do município somente após a mineração, queremos discutir enquanto a mineração está presente. Queremos auxiliar na diversificação das atividades para que os municípios não fiquem dependentes apenas da mineração”.
Brumer também ressaltou que é fundamental que ocorra a retomada das atividades mineradoras nas cidades onde aconteceram as tragédias, Mariana e Brumadinho. Segundo ele, os municípios estão enfrentando problemas com a queda na arrecadação e com o aumento do desemprego. Além disso, com a suspensão das atividades, países concorrentes, como a Austrália, por exemplo, têm atendido a demanda de mercados que deixaram de ser abastecidos pelo Brasil. “É preciso ter em mente que a atividade é necessária”, afirmou.
Para o presidente-executivo do Ibram, Flávio Penido, para o desenvolvimento da mineração e a retomada de investimentos no Brasil, é preciso avançar em várias áreas, que vão desde a pesquisa, incluindo estudos da geologia brasileira, até a garantia de segurança jurídica para investir no País.
“A mineração é um setor de alto risco, ou seja, para se realizar uma pesquisa – que nem sempre tem sucesso – até viabilizar um investimento e abertura de uma mina, demanda-se tempo. Nossas estatísticas mostram que, de cada mil processos de pesquisas abertos, apenas em um é implantado a mina. Além de exigir altos investimentos e tempo, o retorno é demorado. Então, para que isso aconteça como em todo lugar do mundo, como Canadá e Austrália, que são concorrentes, é preciso que se tenha segurança jurídica”.
Fonte: Diário do Comércio