A oferta pública inicial (IPO) da CSN Mineração teve uma madrinha: ninguém menos do que a gigante anglo-suíça Glencore. Sozinha, a multinacional que opera de trading, a mineradoras, passando por postos de gasolina, ancorou a transação e fez um cheque de nada menos do que US$ 250 milhões, o que dá mais de R$ 1,3 bilhão. Levou para casa 25% de toda a oferta e ficou com uma participação de 3% na empresa.
A oferta inteira somou R$ 5,2 bilhões e saiu no piso da faixa indicativa de preço, a R$ 8,50 por ação. Com isso, a CSN Mineração, dona da mina Casa de Pedra e outros ativos de minério mais uma participação na ferrovia MRS, foi avaliada em R$ 47,5 bilhões.
Quando começou, ainda no ano passado, a conversar com o mercado, o controlador da CSN, Benjamin Steinbruch, buscava uma avaliação de pelo menos R$ 70 bilhões para a controlada, mirando uma operação com potencial de R$ 10 bilhões, entre oferta primária e secundária. Pensou até em R$ 100 bilhões. Desde aquele momento, contudo, o mercado vinha sinalizando que a avaliação para o negócio deveria ser menor.
A Glencore, que tem se posicionado como um importante parceiro comercial da CSN Mineração, nos últimos dois anos, foi o fiel da balança do IPO. Garantiu a colocação.
O valor colocado pela trading é exatamente o saldo que irá para o caixa da CSN Mineração. A companhia tem pela frente um plano de investimento gigantesco, uma vez que pretende levar a capacidade produtiva das atuais 33 milhões de toneladas de minério de ferro anuais para nada menos do que 108 milhões de toneladas até 2032. Os investimentos necessários para isso pela empresa são estimados em mais de R$ 30 bilhões.
O saldo restante da oferta, cerca de R$ 3,9 bilhões, foi para o caixa da controladora CSN e vai ajudar a empresa no processo de redução de alavancagem.
Os investidores institucionais acharam a transação, mesmo no piso do intervalo sugerido, ainda salgada, em especial porque nesse patamar ainda abria espaço de arbitragem com a própria CSN Siderúrgica, que é controladora, e porque os valores estão próximos aos da Vale, benchmark do setor.
Com os grandes fundos mais reticentes sobre o negócio, o varejo conseguiu uma participação relevante na operação. Entre 15% e 20% do total de ações vendidas foram para pequenos acionistas da bolsa, o que dá um desembolso respeitável entre R$ 750 milhões e pouco mais de R$ 1 bilhão.
O plano de Steinbruch para a B3 é para lá de ambicioso. Ele planeja montar uma grande holding de companhias operacionais. Vê oportunidade de listar, pelo menos, a CSN Cimentos e ainda a CSN Energia.
Fonte: Exame