Por Murilo Gitel | Fonte: Correio*
É possível que você ainda não tenha percebido, mas a mineração está presente na base da construção de sua própria casa, na fabricação dos óculos que utilizamos para melhorar a visão e até mesmo nos componentes dos smartphones, aparelhos sem os quais seria impensável obter boa parte dos confortos atuais da vida em sociedade.
Para discutir a importância deste setor pujante, que na Bahia registra crescimento de 63% de janeiro a outubro deste ano, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), a Mineração Caraíba, a Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) e o WorldWatch Institute (WWI) realizaram na sexta-feira, 27 de novembro, o I Fórum Regional de Sustentabilidade, Inovação e Desenvolvimento na Mineração, no Complexo Multieventos da Univasf, em Juazeiro (BA).
O presidente da CBPM, Antônio Carlos Tramm, destacou que sustentabilidade e inovação são as duas principais ferramentas a serem operadas hoje em dia. “É o futuro de nossos filhos e netos, o futuro da sociedade. E isso começa com o cidadão de barriga cheia. Algo básico para a sobrevivência. A partir disso, o cidadão cuida das demais coisas. Sem isso, não há como cuidar de nada. E a mineração está aqui para isso”, ressaltou.
Projetos Mãos do Campo e Sabor do Sertão incentivam o empreendedorismo feminino (ODS 5)/Foto: Ewerton Marcos/Mineração Caraíba |
ODS
Na primeira mesa de discussões do evento, o diretor da Mineração Caraíba, Manoel Valério de Brito observou que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – cujo prazo de cumprimento é o ano de 2030 – integram todos os setores e entidades em nível global. O executivo também citou as práticas de ESG (Environment, Social and Governance), que consideram a sustentabilidade dentro da estratégia financeira das organizações. “É uma exigência do próprio mercado financeiro. O investidor de fora quer que esses princípios sejam levados em conta, e o setor mineral vem atuando em todo esse processo.”
Um bom exemplo, nesse sentido, foi demonstrado no Fórum pelo gerente de Meio Ambiente e Comunidades da Mineração Caraíba, André Cirilo Germani. O executivo citou o case da panificadora Flor de Mandacaru, que contribui para a formação de padeiras e doceiras no distrito de Pilar, em Jaguarari (BA). A iniciativa, que conta com investimentos de R$ 224 mil, contempla o ODS 5 das Nações Unidas (promoção da Igualdade de Gênero).
Empreendedorismo
Durante o evento, os projetos socioambientais apoiados pela Mineração Caraíba nas regiões onde atua – todos relacionados aos ODS -, foram representados em estandes instalados no hall de entrada. Com foco no empreendedorismo, uma das iniciativas promove a fabricação de laticínios a partir do leite de cabra. Em outra barraca, a Associação de Mulheres da Fazenda Esfomeado expôs seus biscoitos artesanais. Calçados feitos a partir de couro também foram apresentados pelas comunidades beneficiadas e puderam ser comercializados.
O diretor do WorldWatch Institute (WWI) no Brasil, Eduardo Athayde, mencionou que as mineradoras devem investir no Brasil, entre 2020 e 2024, US$ 32,5 bilhões dentro de critérios que contemplem os ODS e as práticas em ESG. “Não tem mais dinheiro no mundo fora dos critérios ESG”, acrescentou.
Santo Couro: iniciativa valoriza o artesanato local com produtos à base de couro/Foto: Ewerton Marcos/Mineração Caraíba |
Potencialidades
No período da tarde, o Fórum contou com a palestra “As potencialidades do município de Campo Formoso na Mineração e os desafios para atender aos ODS”, que foi ministrada pelo geólogo Baldoíno Dias Neto, professor do Instituto Federal da Bahia (Ifba). O especialista fez uma breve contextualização sobre Campo Formoso, cidade de cerca de 70 mil habitantes que se destaca na produção de minério de cromo.
“Campo Formoso é um município rico, mas ainda com uma disparidade de renda significativa entre os seus habitantes. Ainda vemos locais extremamente pobres com recursos hídricos escassos” – Baldoíno Dias Neto.
Como alternativa, o geólogo cobrou que as prefeituras das cidades mineradoras, de forma geral, convertam o valor arrecadado por meio do Cefem para a criação de políticas públicas.
Para o reitor da Univasf, Paulo Cesar Neves, a crise ambiental nunca esteve tão em evidência ao longo da história. “Este Fórum, ao direcionar sua lupa para o setor da mineração, identificará possibilidades para a criação de ativos capazes de reduzir as desigualdades sociais, aumentando a qualidade de vida”, projetou.
Durante o evento, que deverá ter novas edições em breve, um acordo de cooperação técnica foi assinado entre representantes da CBPM, Mineração Caraíba e Univasf.
Fonte: Correio*